Argentina e Colômbia buscam reconciliação após ataque de Milei a Petro
Chancelarias de ambos países afirmam tomar 'medidas concretas' para reatar laços; presidente argentino chamou seu homólogo colombiano de 'terrorista'
A Argentina e a Colômbia emitiram um comunicado conjunto na noite de domingo 31, anunciando que tomaram “medidas concretas” para reatar laços diplomáticos desgastados nos últimos dias. A iniciativa ocorre após o presidente argentino, Javier Milei, chamar seu homólogo colombiano, Gustavo Petro, de “terrorista assassino”, em referência ao seu passado como guerrilheiro.
“Os respectivos governos tomaram medidas concretas para superar quaisquer diferenças e fortalecer esta relação”, afirmou a declaração conjunta dos ministérios das Relações Exteriores das duas nações.
Segundo o texto, essas medidas incluirão o retorno dos respectivos embaixadores de ambos os países aos seus postos, já que Bogotá, na semana passada, expulsou todos os diplomatas argentinos da Colômbia em resposta aos comentários de Milei.
Palavras duras
Em trechos de uma entrevista à emissora americana CNN, que foram ao ar na última quarta-feira 27, o ultradireitista Javier Milei descreveu Gustavo Petro como um “assassino terrorista”. O presidente argentino estava se referindo ao passado do primeiro chefe de Estado esquerdista da Colômbia, um ex-membro do há muito desmobilizado grupo guerrilheiro M-19.
“Não se pode esperar muito de alguém que foi um assassino terrorista”, disparou.
Em comunicado divulgado em seguida, o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia repudiou as declarações do presidente argentino e afirmou que ele “ofende a dignidade” de Petro.
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Antes historicamente estáveis, as relações entre Colômbia e Argentina degringolaram desde que Milei assumiu a Presidência em dezembro. Em janeiro, Bogotá já havia chamado de volta seu embaixador em Buenos Aires, após comentários semelhantes tecidos pelo líder argentino – o argentino disse que o colombiano era um “comunista assassino” e declarou que ele estava “afundando” o país que governa.
Tensões regionais
Milei também atacou outros líderes da América Latina durante a entrevista, incluindo o mexicano Andrés Manuel López Obrador, mais conhecido como AMLO – a quem chamou de “ignorante”. Um populista de esquerda, AMLO já havia criticado as políticas ultraliberais do argentino e o comparou a um ditador, e na quinta-feira passada fez uma postagem nas redes sociais perguntando-se por que os argentinos “votaram em alguém que não tem razão, que despreza o povo”.
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Além disso, na semana passada, o governo da Argentina acusou a Venezuela de cortar a eletricidade de sua embaixada em Caracas, depois de a missão diplomática ter organizado uma reunião com os líderes da oposição do país. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez ataques a Milei desde sua vitória eleitoral em novembro do ano passado, alegando que a “extrema direita neonazista” havia conquistado o poder no país sul-americano.