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Arábia Saudita tenta restabelecer produção de petróleo

Ataques de drones atingiram refinarias no país e reduziram produção em 5,7 milhões de barris por dia, mais que o dobro de toda a produção brasileira

Por Da Redação Atualizado em 15 set 2019, 14h31 - Publicado em 15 set 2019, 14h21
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  • Maior mundial de petróleo, a Arábia Saudita tenta restabelecer o nível normal de sua produção, que foi  duramente afetada por um ataque com drones nesse sábado, 14. Os ataques provocaram corte de 5,7 milhões de barris de óleo cru por dia, ou seja, uma redução brutal na produção do combustível. Trata-se do equivalente a 6% do abastecimento mundial e mais que o dobro de toda a produção brasileira, que gira em torno de 2,7 milhões de barris ao dia.

    Apoiados pelo Irã e há cinco anos em confronto com a coalizão militar liderada pelos sauditas, os rebeldes huthis xiitas, do Iêmen, assumiram a autoria dos ataques contra instalações da gigante estatal Aramco.

    Ontem, no entanto, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, acusou o Irã de envolvimento com o episódio. Segundo ele, não há qualquer prova de que “o ataque sem precedentes contra o fornecedor mundial de energia” tenha origem no Iêmen. “Os Estados Unidos trabalharão com seus parceiros e aliados para garantir o abastecimento dos mercados energéticos e para que o Irã preste contas de sua agressão”, acrescentou.

    Neste domingo, 15, os governos do Irã e do Iraque rejeitaram as acusações de que estariam envolvidos com o ataque. “Acusações e comentários tão estéreis e cegos são incompreensíveis e insensatos”, declarou o porta-voz do Ministério iraniano das Relações Exteriores, Abbas Musavi.

    Em nota transmitida à imprensa, o porta-voz iraniano disse que esse tipo de comentário tem o objetivo de prejudicar a reputação de seu país para criar um marco para futuras ações contra o Irã. Musavi ironizou a política de “pressão máxima” dos Estados Unidos em relação ao Irã que, segundo ele, “aparentemente se transformou em mentira máxima, devido a seu fracasso”.

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    Amirali Hajizadeh, comandante do braço aeroespacial dos Guardiães da Revolução, a força de elite da República Islâmica, advertiu contra o risco de um conflito armado. As tensões atuais, “com forças que estão frente a frente no terreno”, podem deflagrar um conflito armado, disse Hajizadeh, segundo a agência Tasnim, ligada aos ultraconservadores iranianos. “O Irã está preparado para uma guerra total, mas nem nós nem os americanos querem a guerra”, declarou Hajizadeh.

    O príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, cujo país é o grande rival regional do Irã, garantiu que Riad (capital da Arábia Saudita) “quer e pode” responder a esta “agressão terrorista”.

    Para o especialista em Oriente Médio da S. Rajaratnam School, James Dorsey, represálias diretas são “muito pouco prováveis”. “Os sauditas não querem um conflito aberto com o Irã. Querem que outros lutem em seu lugar, mas os outros são reticentes”, afirmou Dorsey.

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    O Iraque também negou hoje qualquer tipo de relação com o ataque, depois que alguns jornais noticiaram que os projéteis poderiam ter sido lançados do país. No Iraque, atuam várias milícias e facções paramilitares próximas ao Irã.

    Nervosismo nos mercados

    A Bolsa da Arábia Saudita abriu o pregão da semana com queda de 3%, reagindo negativamente à queda na produção de petróleo cru, resultante do ataque. Nos primeiros minutos da sessão, o setor de energia recuou 4,7%, e os setores bancários e de telecomunicações perdiam 3%.

    A ofensiva de ontem provocou incêndios na refinaria de Abqaiq, a maior no mundo dedicada ao tratamento de petróleo, e em instalações de Jurais.

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    O porta-voz do Ministério saudita do Interior, general Mansur al-Turki, disse à AFP que os ataques não deixaram vítimas.

    Os rebeldes huthis já lançaram vários ataques à infraestrutura energética saudita. Desta vez, porém, as consequências foram de outra envergadura. Causaram uma redução brutal da produção de 5,7 milhões de barris por dia. Tal diminuição de  produção pode abalar a confiança dos investidores da gigante Aramco, petroleira estatal que prepara sua entrada na Bolsa. O presidente da empresa, Amin Naser, declarou que estão sendo realizadas obras para restabelecer toda a produção.

    Recentemente nomeado ministro da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman garantiu que a redução será compensada com as reservas. O governo de Riad construiu cinco gigantescas instalações de reservas subterrâneas em todo país para poder armazenar milhões de barris dos diferentes produtos petroleiros refinados.

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    Em conversa por telefone entre o presidente americano, Donald Trump, e o príncipe herdeiro, a Casa Branca condenou os ataques contra “infraestruturas vitais para a economia mundial”.

    O enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, declarou-se “extremamente preocupado com os ataques”, que logo foram condenados pelos Emirados Árabes Unidos, Barein, Kuwait, aliados de Riad, assim como pela Organização de Cooperação Islâmica (OCI).

    “Os ministros (das Relações Exteriores) expressaram sua condenação a este tipo de ataque terrorista e saudaram os comunicados oficiais dos países-membros e das organizações regionais e internacionais, que rejeitaram estas agressões, destinadas a desestabilizar a Arábia Saudita”, declarou neste domingo o secretário-geral da OCI, o saudita Yussef al-Othaimeen, segundo a agência oficial de notícias saudita SPA. (Com informações da agência AFP)

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