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Arábia Saudita permite saída de houthis feridos do Iêmen antes de diálogos

Negociações de paz devem começar ainda nesta semana na Suécia; sauditas são acusados de representar obstáculo para solução do conflito

Por Redação
Atualizado em 3 dez 2018, 11h07 - Publicado em 3 dez 2018, 10h43

A coalizão militar liderada pela Arábia Saudita que atua no Iêmen anunciou que 50 rebeldes houthis feridos devem ser transportados nesta segunda-feira, 3, a Omã em um avião fretado pela ONU, um sinal de confiança antes dos diálogos de paz.

A iniciativa pode acelerar a organização das negociações para encerrar quatro anos de guerra, acreditam os analistas.

A questão da retirada dos insurgentes feridos provocou o fracasso dos diálogos de setembro em Genebra. Os houthis acusaram a Arábia Saudita, que controla o espaço aéreo iemenita, de ter impedido a saída dos feridos e de não ter apresentado as garantias necessárias para que a delegação rebelde viajasse em segurança.

O coronel saudita Turki Al Maliki, porta-voz da coalizão que luta contra os rebeldes, anunciou em um comunicado que a autorização desta segunda-feira atende a um pedido do mediador da ONU para o Iêmen, o britânico Martin Griffiths, “por razões humanitárias e como uma medida para gerar confiança” antes das conversações, previstas para acontecer ainda nesta semana na Suécia.

Um avião fretado pela ONU deve pousar na capital iemenita, Sanaa, para transportar os 50 combatentes houthis feridos a Mascate, capital do sultanato de Omã. Os insurgentes serão acompanhados por três médicos iemenitas e outro da ONU.

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A Arábia Saudita é acusada de representar um obstáculo para a solução do conflito no Iêmen. Porém, segundo o coronel Maliki, a coalizão apoia os esforços de Griffiths e da ONU “para alcançar uma solução política”, assim como as medidas humanitárias para aliviar o sofrimento da população.

Os Estados Unidos também têm sofrido grande pressão internacional para acabar com seu apoio militar à coalizão árabe no país.

O conflito

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos ingressaram no conflito entre os houthis e o governo do Iêmen, com ajuda americana, em 2015.

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O objetivo da coalizão, que inclui também países como Kuwait, Catar e Bahrein, é reinstalar o governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi, ameaçado desde a revolta iemenita de 2011.

Os três anos e meio de conflitos entre os rebeldes houtis, apoiados pelo Irã, e as forças do governo, escudadas pela coalizão saudita, destruíram a economia do real país e causaram aumento da inflação e desvalorização da moeda local.

Desde março de 2015, os combates deixaram quase 10.000 mortos e mais de 56.000 feridos. Diversas ONGs acreditam que o balanço real é muito mais elevado.

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Em agosto, os 51 passageiros – 40 deles crianças – de um ônibus escolar em Dahyan, na província Saada, foram mortos em um bombardeio das forças sauditas.

O conflito persistente também está levando o país à pior fome do mundo nos últimos 100 anos, com metade da população em risco de morrer de desnutrição.

Dados coletados pela emissora Al Jazeera e pelo Projeto de Estatísticas do Iêmen constataram terem ocorrido 18.000 ataques aéreos no país, com pelo menos um terço dos bombardeios em áreas não militares – cerimônias de casamento e de funerais, escolas e hospitais, usinas de eletricidade e de água foram atacados.

(Com AFP)

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