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Arábia Saudita dá nova versão sobre morte de jornalista

Segundo ministro saudita, jornalista foi assassinado em uma operação clandestina sem o conhecimento do governo de Riad

Por Da Redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h06 - Publicado em 22 out 2018, 09h29

A Arábia Saudita afirmou neste domingo (21) que o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado do país em Istambul foi um “erro enorme e grave”, cometido por uma “operação clandestina”.

Khashoggi, de 59 anos, desapareceu em 2 de outubro, depois de entrar no consulado saudita em Istambul, na Turquia, para obter documentos para se casar. O jornalista era grande crítico do governo da Arábia Saudita, especialmente do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Segundo o ministro de Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, a morte de Khashoggi foi planejada por uma operação não autorizada pelo governo na qual “indivíduos acabaram excedendo a autoridade e as responsabilidades que tinham”.

“Eles cometeram um erro quando mataram Jamal Khashoggi no consulado e tentaram acobertar”, afirmou al-Jubeir em uma entrevista à emissora americana Fox News.

Os comentários do ministro saudita foram os mais diretos já feitos por Riad até agora. Logo após o desaparecimento, o governo saudita negou a morte do jornalista e afirmou que ele havia deixado o consulado vivo.

Após grande pressão internacional, no sábado (20) Riad disse que o jornalista morreu durante uma briga no edifício. Uma hora mais tarde outra autoridade saudita atribuiu sua morte a uma chave de braço.

“Esse é um terrível erro. É uma terrível tragédia. As nossas condolências estão com eles. Sentimos sua dor. Infelizmente, um grave erro foi cometido e eu garanto que os responsáveis pagarão por isso”, disse Adel al-Jubeir neste domingo, alterando as versões apresentadas anteriormente.

Jubeir confirmou que uma “equipe de segurança saudita” se aproximou de Khashoggi quando ele entrou no consulado.

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“Ele foi morto no consulado. Não sabemos como. Não sabemos onde está o corpo. Estamos determinados a descobrir cada detalhe. Estamos determinados a punir os responsáveis deste assassinato”, afirmou.

Ele qualificou a ação contra o jornalista saudita de “operação secreta” e uma “aberração”, mas negou que o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, tivesse envolvimento ou conhecesse o caso.

O príncipe enviou condolências em seu nome e em nome de seu pai, o rei Salman bin Abdul Aziz al Saud, a Saleh Khashoggi, filho de Jamal Khashoggi.

A Turquia decidiu colocar a noiva do jornalista, Hatice Cengiz, sob proteção policial. As forças de segurança vão vigiar Cengiz 24 horas por dia. Ela é turca e residente em Istambul, onde está fazendo seu doutorado.

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Pressão internacional

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e seu colega dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone na noite deste domingo sobre o caso. “Ambos concordaram que todos os detalhes do caso de Jamal Khashoggi devem ser esclarecidos”, afirmou a Presidência turca em comunicado.

Erdogan já afirmou que revelará “detalhes” sobre a investigação turca da morte do jornalista saudita na terça-feira (23).

Reino Unido, França e Alemanha afirmaram que a versão que a Arábia Saudita forneceu sobre a morte do jornalista precisa se respaldada por fatos para ser crível.

“Ainda existe a necessidade urgente do esclarecimento do que ocorreu exatamente em 2 de outubro, além das hipóteses colocadas até agora pela investigação saudita”, afirmaram as nações em nota conjunta.

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Os três governos afirmam que a “qualidade e importância” de sua relação com a Arábia Saudita é baseada no respeito às “normas e valores” internacionais que todos os países devem cumprir.

Também em resposta ao assassinato de Khashoggi, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, anunciou a suspensão da venda de armas para a Arábia Saudita.

“As exportações de armas não podem acontecer no momento em que estamos”, disse Merkel, em Berlim, após uma reunião com integrantes do seu partido, a União Democrata-cristã (CDU). A chanceler afirmou ainda que a Alemanha discutirá mais “reações” ao caso com seus parceiros internacionais.

Já o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou que a explicação da Arábia Saudita sobre o assassinato do jornalista foi um “bom primeiro passo, mas não é o suficiente”.

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O governo americano, que parecia colocar panos quentes no caso do desaparecimento, tem se mostrado determinado a repreender o assassinato que despertou indignação global nos últimos dias. Ainda assim, o posicionamento dos Estados Unidos é menos radical do que o demostrado pelas nações europeias e, ao que parece, Donald Trump ainda está tentando proteger as relações com o principal exportador de petróleo do mundo.

Nesta segunda, vários congressistas americanos, republicanos e democratas, pediram medidas contra o reino saudita, convencidos que o príncipe herdeiro está por trás do assassinato. Alguns legisladores também pediram que o governo corte relações com o príncipe e exigiram que a Arábia Saudita o substitua caso ele seja considerado responsável pela morte do jornalista, algo que os congressistas consideram provável.

Nova gravação

Uma nova gravação divulgada pelas autoridades turcas para a emissora americana CNN mostra um homem andando pelas ruas de Istambul vestindo as roupas de Jamal Khashoggi logo após seu desaparecimento em 2 de outubro.

Nas imagens, segundo a CNN, o saudita Mustafa al-Madani é visto deixando o consulado saudita pela porta de trás do edifício, usando as roupas nas quais o jornalista foi visto pela última vez, óculos e uma barba falsa.

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Mustafa al-Madani supostamente faz parte do time de 15 oficiais enviados pela Arábia Saudita para assassinar Khashoggi, segundo as autoridades turcas.

(Com Reuters e EFE)

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