Arábia Saudita acaba com proibição contra cinemas
Consideradas uma ameaça à identidade religiosa, salas comerciais estão banidas do país desde a década de 80
A Arábia Saudita anunciou nesta segunda-feira que acabará com a proibição aos cinemas comerciais no país. O Mistério da Cultura e da Informação começará a emitir licenças imediatamente, para que as primeiras salas abram suas portas a partir de março de 2018.
Os cinemas são proibidos no país há mais de 35 anos. Foram banidos na década de 80, pelos clérigos conservadores, por serem considerados uma ameaça à identidade cultural e religiosa saudita.
A medida que liberou a emissão de licenças para as novas salas faz parte do plano conduzido pelo príncipe Mohammed bin Salman de modernização da Arábia Saudita, o Vision 2030. A introdução de lazer e entretenimento está entre os objetivos da reforma, lançada em abril.
Em uma declaração oficial, o Ministério da Cultura disse que a decisão de licenciar os cinemas era “central para o programa do governo incentivar uma cultura doméstica aberta e rica para os sauditas”. “A medida marca um momento decisivo no desenvolvimento da economia cultural no Reino”, disse o ministro da pasta, Awwad Alawwad.
Segundo Alawwad, a legalização dos cinemas abrirá um mercado doméstico para mais de 32 milhões de pessoas. O ministro também antecipou que mais de 300 salas de cinema com 2.000 telas podem ser abertas até 2030.
Os cineastas sauditas há muito argumentaram que a proibição dos cinemas não faz sentido na era da internet. Muitas produções nacionais fizeram sucesso no exterior nos últimos anos, distribuídas principalmente por meio do YouTube e outros canais onlines para burlar a censura saudita.
O filme O Sonho de Wadjda, de 2012, foi uma dessas produções. Lançado em 2012 e dirigido pela saudita Haifaa al-Mansour, foi o primeiro longa-metragem filmado inteiramente na Arábia Saudita. Aclamado pela crítica, foi premiado em festivais como os de Veneza, Roterdã e Abu Dhabi.
Em setembro, a Arábia Saudita anunciou que as mulheres seriam autorizadas a dirigir no país a partir de junho de 2018. A medida também enfrentou oposição dos clérigos mais conservadores.