O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse nesta quinta-feira, 8, que o país sentiu uma profunda e pessoal perda com o falecimento da rainha Elizabeth II, prestando sua homenagem à monarca.
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“Este é o dia mais triste do nosso país. No coração de cada um de nós há uma dor pelo falecimento de nossa Rainha, um sentimento profundo e pessoal de perda — mais intenso, talvez, do que esperávamos”, disse Johnson no Twitter.
O ex-líder chamou a rainha, ainda, de “luz brilhante que finalmente se apagou”.
“Ela parecia tão atemporal e tão maravilhosa que temo que tivéssemos acreditado, como crianças, que ela viveria eternamente”, acrescentou.
Johnson também disse que, como é comum em casos de perda, o Reino Unido só poderá entender agora, após sua morte, o que ela realmente significou para a nação.
“Ao pensarmos no vazio que ela deixa, entendemos o papel vital que ela desempenhou, encarnando com imparcialidade e calma a continuidade e a unidade do nosso país”, disse.
“Este é o dia mais triste do nosso país porque ela tinha um poder único e simples de nos fazer felizes. Por isso a amávamos”, completou Johnson. Ele concluiu que Elizabeth II não apenas modernizou a monarquia, mas produziu um herdeiro para seu trono, o rei Charles III, que pode fazer justiça ao seu legado, concluindo a mensagem com “Deus salve o rei” – frase que soa até estranha aos ouvidos após 70 anos de “Deus salve a rainha”.
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No entanto, o relacionamento entre o ex-premiê e a monarca não foi sempre flores. Ele foi o 14º líder do país com quem ela manteve relações e suas reuniões semanais no Palácio de Buckingham.
Enquanto ela mantém suas visões políticas e suas opiniões sobre cada primeiro-ministro em segredo, Johnson proporcionou vários momentos embaraçosos para a rainha – incluindo dois pedidos formais, como uma criança.
Quebra de protocolo nas reuniões privadas
Poucos minutos depois de chegar a Downing Street, a sede do governo, Johnson cometeu seu primeiro erro ao revelar detalhes de seu primeiro encontro privado com a rainha. Ele foi ouvido contando à equipe sobre o bate-papo, cujos detalhes devem ser secretos.
Ela teria dito a ele: “Eu não sei por que alguém iria querer o seu emprego”.
Todas as quartas-feiras, a rainha se reunia com seu primeiro-ministro para se atualizar sobre assuntos nacionais importantes. As reuniões são realizadas em uma sala de audiência e são totalmente privadas, sem assessores presentes.
Desculpas rastejantes
Johnson foi forçado a se desculpar com a rainha depois que foi revelado que funcionários fizeram festas em Downing Street na noite anterior ao funeral de seu marido, o príncipe Philip.
Naquela época, as restrições da Covid-19 proibiam reuniões em ambientes fechados com qualquer pessoa fora do núcleo familiar, o que impactou severamente o funeral – Elizabeth teve que sentar-se sozinha na cerimônia, e muitos membros da família faltaram ao evento.
Não foi a primeira vez que o ex-premiê teve que pedir desculpas à rainha. Em 2019, depois que a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que Johnson agiu ilegalmente quando determinou a suspensão do Parlamento durante cinco semanas (logo antes de uma votação importante sobre o Brexit), ele colocou a rainha em uma sinuca de bico.
Isso porque o líder precisou solicitar a suspensão à rainha Elizabeth II, que assinou o pedido de forma processual. Com a condenação ficou parecendo que a monarca chancelou o crime, ou até fez parte dele.
“Este tribunal conclui que a decisão de aconselhar a Vossa Majestade a suspender o Parlamento foi ilegal porque tinha o efeito de frustrar ou impedir a capacidade do Parlamento de realizar as suas funções constitucionais sem uma justificativa razoável”, afirmou a presidente da Suprema Corte, Brenda Hale, na época.
Depois disso, ele pediu desculpas formais à rainha.
Visitas indesejadas
Outro momento desconfortável ocorreu em 2020, quando o ex-assessor-chefe do primeiro-ministro, Dominic Cummings, afirmou que Johnson queria visitar a rainha pessoalmente no início da pandemia de coronavírus, apesar da equipe de Downing Street já ter contraído a Covid-19.
O ex-assessor-chefe disse à BBC que teve que convencer o primeiro-ministro a não visitá-la, alertando sobre as consequências potencialmente graves.
“Eu disse, o que você está fazendo? E ele disse, eu vou ver a rainha. E eu disse, do que diabos você está falando, você não pode ir ver a rainha”, disse Cummings em uma entrevista.
“Ele disse, ah, isso é o que eu faço toda quarta-feira, dane-se isso, eu vou vê-la”, continuou.
Downing Street negou que o incidente, enquanto o Palácio de Buckingham se recusou a comentar.