Após pandemia, jovens americanos estão desistindo de ir para a faculdade
Nos EUA, matrículas no ensino superior caíram 8% de 2019 a 2022, mesmo após o retorno às aulas presenciais

O que a princípio parecia apenas uma vírgula no caos da pandemia se transformou em uma crise. Nos Estados Unidos, dados recentes da National Student Clearinghouse mostram houve uma queda de 8% nas matrículas em faculdades durante o período de 2019 a 2022, mesmo com o retorno às aulas presenciais. Esta é a queda a mais acentuada já registrada da taxa, de acordo com a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas americana.
Muitos jovens se voltaram para empregos horistas ou carreiras que não exigem um diploma, enquanto outros foram dissuadidos pelas altas mensalidades e pela perspectiva de dívidas estudantis.
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Economistas dizem que o impacto da queda de profissionais qualificados pode ser terrível. Menos graduados em faculdades podem piorar a escassez de mão de obra em áreas que vão desde a saúde até a tecnologia da informação.
Além disso, abandonar a faculdade geralmente significa salários mais baixos ao longo da vida – 75% menos em comparação com aqueles que obtêm diplomas, de acordo com o Centro de Educação e Força de Trabalho da Universidade de Georgetown. E quando a economia piora, pessoas sem diploma têm mais chances de perder empregos.
A taxa de frequência universitária dos Estados Unidos estava em alta até que a pandemia reverteu décadas de progresso. As taxas caíram mesmo com o crescimento da população de pessoas com ensino médio completo e apesar da turbulência econômica, aspecto que normalmente leva mais pessoas ao ensino superior.
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Durante a pandemia, quando os jovens ficaram em grande parte sozinhos em meio a aulas remotas, muitos aceitaram empregos de meio período. Alguns achavam que não estavam aprendendo nada, e a ideia de mais quatro anos de ensino, ou mesmo dois, era pouco atraente.
Ao mesmo tempo, a dívida estudantil do país disparou. A questão tornou-se presente na mente dos jovens americanos enquanto o presidente, Joe Biden, pressiona para cancelar grandes dívidas, um esforço que a Suprema Corte parece prestes a barrar.
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Ainda mais alarmantes são os números de estudantes negros, hispânicos e de baixa renda, que tiveram os maiores deslizes em muitos estados. Na turma de 2021 do Tennessee, por exemplo, apenas 35% dos graduados hispânicos e 44% dos graduados negros se matricularam na faculdade, em comparação com 58% de seus colegas brancos.
Há alguma esperança de que o pior já tenha passado. O número de calouros matriculados em faculdades dos Estados Unidos aumentou ligeiramente de 2021 a 2022. Mas esse número, junto com o total de matrículas em faculdades, ainda permanece muito abaixo dos níveis pré-pandemia.