O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou nesta quinta-feira, dia 1º, que a União Europeia conseguiu fechar um acordo para aprovar um novo pacote de financiamento para a Ucrânia, em guerra contra a Rússia. O montante da remessa é de 50 bilhões de euros (R$ 267,34 bilhões, na cotação de hoje).
“Todos os 27 líderes concordaram”, escreveu ele no X, antigo Twitter, acrescentando que “isto garante um financiamento constante, previsível e de longo prazo para a Ucrânia”.
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O primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, comemorou a decisão.
“Os países membros da UE mostram mais uma vez a sua solidariedade e unidade nas ações ao povo ucraniano para resistir à guerra”, publicou ele no X.
Negociações árduas
O acordo não chegou, porém, sem entraves. Os pagamentos provenientes do orçamento partilhado da União Europeia necessitam do apoio unânime de todos os Estados-membros para serem aprovados. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, havia vetado uma nova rodada de financiamento ao governo ucraniano durante uma cúpula do bloco em dezembro e, desde então, os outros líderes europeus têm se esforçado para trazê-lo a bordo com um acordo.
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O anúncio de Michel ocorre justamente depois dos políticos mais influentes do bloco se terem reunido, nesta manhã, com Orbán, e indica que eles conseguiram convencer o líder húngaro.
We have a deal. #Unity
All 27 leaders agreed on an additional €50 billion support package for Ukraine within the EU budget.
This locks in steadfast, long-term, predictable funding for #Ukraine.
EU is taking leadership & responsibility in support for Ukraine; we know what is…
— Charles Michel (@CharlesMichel) February 1, 2024
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Motivos ulteriores
Orbán se manifestou repetidamente contra o envio de mais dinheiro e armas para a Ucrânia, e acusa os chefes da União Europeia de tentarem “empurrar” a adesão ucraniana “goela abaixo”, sem uma “discussão estratégica” sobre a medida. Ele chegou a descrever Kiev como “um dos países mais corruptos do mundo”.
A alegação provoca indignação em Kiev, dado que Orbán é acusado de patrocinar um retrocesso democrático no seu próprio país, com a diminuição de poderes do Judiciário e o controle das mídias locais. A agenda política do líder húngaro custou-lhe uma série de repasses que a União Europeia faz para os Estados-membros – e alguns acreditam que ele tenha usando a questão ucraniana como uma moeda de troca para liberar dinheiro do bloco.
Em 2022, a Hungria vetou uma proposta semelhante para dar 18 bilhões de euros (R$ 94,5 bilhões) em assistência financeira à Ucrânia em 2023. Depois de meses de disputa, Budapeste finalmente concordou com o pacote depois de ganhar o que disse serem concessões do bloco em ajuda à Hungria também.