Após dois meses de impasse, Macron nomeia novo primeiro-ministro da França
Presidente francês pede que Michel Barnier forme 'um governo unificador'; coalizão esquerda, que venceu eleição legislativa, teve candidata rejeitada
O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou um novo primeiro-ministro nesta quinta-feira, 5, quase dois meses após as eleições legislativas que transformaram o parlamento. O mandatário escolheu para o cargo Michel Barnier, que foi a principal figura da União Europeia nas negociações com o Reino Unido sobre o Brexit.
Macron pediu que Barnier “forme um governo unificador ao serviço do país”, uma condição para a indicação.
“Esta nomeação surge após um ciclo de consultas sem precedentes durante o qual, de acordo com o seu dever constitucional, o presidente garantiu que o primeiro-ministro e o governo vindouro trariam reunir as condições para sermos tão estáveis quanto possível e dar-nos a oportunidade de nos reunirmos o mais amplamente possível”, escreveu o Palácio do Eliseu.
A declaração acrescentou que a nomeação de Barnier ocorre após “um ciclo de consultas sem precedentes” para escolher uma figura que pudesse formar um governo estável. A coalizão de esquerda que venceu as eleições legislativas de 7 de julho teve sua candidata rejeitada pelo presidente, que não topou negociar com os partidos mais extremistas do grupo.
Quem é Barnier
O político de 73 anos é um convicto apoiador da União Europeia e é membro do conservador partido Republicano, que representa a direita tradicional na França. Ele é conhecido no cenário internacional por seu papel na mediação da saída do Reino Unido do bloco europeu, um processo que durou quatro anos.
Há 40 anos na política, Barnier ocupou vários cargos ministeriais na França, incluindo as pastas das Relações Exteriores, Agricultura e Meio Ambiente. Ele atuou duas vezes como comissário europeu, bem como conselheiro da chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Em 2021, chegou a anunciar uma candidatura presidencial, mas não conseguiu obter apoio suficiente dentro de seu partido.
Meses de impasse
Macron aceitou a renúncia do ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, que faz parte de sua coalizão Juntos, e seu governo em julho, depois o grupo centrista foi derrotada no segundo turno das eleições parlamentares da França. Pleito esse que o presidente convocou de maneira antecipada, após seu partido perder de lavada para a extrema direita de Marine Le Pen nas eleições para o Parlamento Europeu em junho, como uma estratégia para conseguir de volta a influência para governar em seu país.
As chances de Barnier formar um governo estável não são claras. Atualmente, o partido ultradireitista de Le Pen, Reagrupamento Nacional, é uma das maiores forças políticas no parlamento, tendo ficado em segundo lugar na eleição. A legenda sugeriu, anteriormente, que estaria aberta a trabalhar com o ex-negociador do Brexit e não o vetaria imediatamente. Enquanto isso, a coalizão de esquerda, Nova Frente Popular, conta com partidos da extrema esquerda, como o França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, que podem ter resistência em trabalhar com os Republicanos conservadores.