Após dias de tensão, Israel faz série de ataques contra Faixa de Gaza
Líder da Jihad Islâmica foi morto na operação desta sexta, segundo o grupo militante, que prometeu retaliação e disse poder atacar Tel Aviv
As forças militares de Israel deram início nesta sexta-feira, 5, a uma série de ataques à Faixa de Gaza após dias de tensão na região depois da prisão de um militante palestino na Cisjordânia ocupada. Tayseer Jabari, líder da Jihad Islâmica, foi morto na operação desta sexta, segundo o grupo militante, que prometeu retaliação, dizendo poder atacar Tel Aviv.
Ao menos sete pessoas morreram, incluindo uma criança de cinco anos, e outras 40 ficaram feridas nos ataques, relataram autoridades locais da área da saúde à agência de notícias Reuters.
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel afirmaram que declararam uma “situação especial”, uma designação que concede às autoridades mais poderes sobre a população civil com objetivo de promover a segurança pública. Em publicação nas redes sociais, o ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz, disse que “terroristas estão fazendo o povo de Gaza refém”.
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“Aos nossos inimigos em geral e aos líderes do Hamas e da Jihad Islâmica, digo explicitamente: seu tempo é limitado; a ameaça será removida de uma forma ou de outra”, escreveu.
O agravamento nas tensões começou quando forças israelenses prenderam um membro sênior do grupo militante Jihad Islâmica na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada, na segunda-feira. Um adolescente ligado ao grupo foi morto a tiros por tropas israelenses.
Mais cedo nesta semana, Israel já havia fechado estradas em torno de Gaza e enviado reforços à fronteira, à medida que já se preparava para um ataque depois da prisão.
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Segundo Ahmed Mudalal, oficial da Jihad Islâmica em Gaza, o grupo havia feito exigências a Israel através de mediadores do Egito, incluindo a libertação do militante detido e de outro prisioneiro, uma pausa em operações na Cisjordânia e o fim do bloqueio em Gaza. O grupo ainda não recebeu resposta, de acordo com Mudalal.
Além das tensões dessa semana, o clima na região já vem deteriorando há meses. Após uma batalha legal de duas décadas, a alta corte de Israel decidiu em maio que cerca de 1.000 palestinos podem ser despejados de uma área da Cisjordânia e a terra será reaproveitada pelo exército israelense. Esta é uma das maiores decisões de expulsão de palestinos desde a ocupação israelense da região. Os territórios palestinos começaram em 1967.
De acordo com as convenções de Genebra sobre comportamento humanitário na guerra, é ilegal expropriar terras ocupadas para fins que não beneficiem os moradores ou realocar a população local à força. No entanto, Israel argumentou que os moradores de Masafer Yatta não eram residentes permanentes quando a Zona de Tiro 918 foi criada e, portanto, não têm direitos sobre a terra.
Na Cisjordânia, 18% das áreas ocupadas por Israel foram declaradas “zonas de tiro” para treinamento militar desde a década de 1970. As comunidades palestinas que vivem nessas áreas são constantemente ameaçadas com demolições de casas e confisco de terras agrícolas porque não têm licenças de construção, emitidas pelas autoridades israelenses.
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Em fevereiro, a Anistia Internacional já havia pedido às Nações Unidas que sanções fossem aplicadas contra a Israel sob a acusação de violar a lei internacional ao praticar uma forma de apartheid e cometer crimes contra a humanidade em sua “dominação” sobre palestinos.
A Convenção Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid de 1973 e o Estatuto de Roma de 1998 do Tribunal Penal Internacional (TPI) definem o apartheid como um crime contra a humanidade que consiste em três elementos principais. São eles a intenção de manter a dominação de um grupo racial sobre outro; o contexto de opressão sistemática do grupo dominante sobre outro; e atos desumanos.
Segundo dados do Centro de Direitos Humanos Al Mezan, na Faixa de Gaza, cerca de 5.418 palestinos foram mortos por operações militares israelenses na região nos últimos 15 anos, incluindo 1.246 crianças e 488 mulheres. Recentemente, uma comissão de inquérito da ONU foi criada para investigar possíveis violações no território palestino ocupado, constatando em seu relatório final que Israel é responsável por graves violações de direitos humanos contra palestinos.