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Após ataques, Líbano pede que EUA e França pressionem Israel a respeitar trégua

Forças israelenses bombardeiam país vizinho após acusarem Hezbollah de violar acordo de cessar-fogo, dizendo que não vão distinguir entre terroristas e civis

Por Da Redação 3 dez 2024, 08h48

Autoridades libanesas pediram que os Estados Unidos e a França, patronos do acordo que implementou um cessar-fogo no país, pressionam Israel a respeitar as regras da trégua, informou a agência de notícias Reuters nesta terça-feira, 3. O esforço diplomático ocorre após dezenas de operações militares israelenses em solo libanês, que Beirute considerou violações.

Na segunda-feira 2, ataques aéreos das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) mataram ao menos 12 pessoas no Líbano, nas cidades de Hariss e Taloussa, no sul do país. O exército israelense também emitiu ordens proibindo civis libaneses de retornarem mais de 60 aldeias no sul do país, de onde dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas pela guerra.

Os bombardeios ocorreram após a milícia libanesa Hezbollah lançar foguetes contra um posto militar israelense, alegando que respondia a violações prévias do outro lado. As ações militares colocam o cessar-fogo em uma posição cada vez mais frágil, menos de uma semana após entrar em vigor, na última quarta-feira.

Tensões elevadas

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, nesta terça-feira, 3, declarou que se a trégua entrar em colapso, as forças israelenses “não vão mais distinguir entre o que é Líbano e o que é Hezbollah”, sugerindo que o exército não faria diferenciação entre combatentes e civis.

“Se o cessar-fogo entrar em colapso, não haverá mais isenção para o estado do Líbano. Aplicaremos o acordo com o máximo impacto e tolerância zero. Se até agora diferenciamos entre o Líbano e o Hezbollah, isso não será mais o caso”, afirmou ele, em visita ao norte de Israel.

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Apelos aos EUA e França

Diante das tensões – e do risco de colapso da trégua –, o primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, e o presidente do Parlamento, Nabih Berri, um aliado do Hezbollah que fez parte das negociações do cessar-fogo, conversaram com autoridades na Casa Branca e no Palácio do Eliseu na noite de segunda-feira para expressar preocupação sobre o estado do cessar-fogo, afirmou a Reuters com base em depoimentos de fontes familiarizadas com o assunto.

Berri pediu que os americanos e franceses garantam “urgentemente” que Israel respeite o acordo, dizendo que Beirute havia registrado pelo menos 54 violações israelenses do cessar-fogo até agora. Mikati, por sua vez, em encontro com o general americano Jasper Jeffers em Beirute, presidente do comitê de monitoramento da trégua, enfatizou a necessidade dos soldados israelenses se retirarem rapidamente do Líbano.

Espera-se que o representante da França no comitê, o general Guillaume Ponchin, chegará a Beirute na quarta-feira, 4, e que o grupo de monitoramento realize sua primeira reunião na quinta-feira, 5. Por enquanto, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matt Miller, disse a repórteres na segunda-feira que o cessar-fogo “está se mantendo” e que Washington “antecipou que poderia haver violações”.

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“Salvo-conduto”

A trégua entrou em vigor em 27 de novembro e proíbe Israel de conduzir operações militares ofensivas no Líbano, ao mesmo tempo em que exige que o governo e exército libaneses impeçam grupos armados, incluindo o Hezbollah, de lançar ataques contra o território israelense. O acordo dá aos soldados israelenses 60 dias para saírem do sul do Líbano, que será então ocupado por 5 mil soldados do exército nacional e pelas forças de paz da ONU.

Um mecanismo de monitoramento presidido pelos Estados Unidos, com apoio da França, tem a tarefa de monitorar, verificar e ajudar a impor a trégua, mas ainda não começou a funcionar.

Israel defende que sua atividade militar contínua no Líbano visa impor o cessar-fogo e não viola suas obrigações sob a trégua.

Através de uma carta paralela ao acordo de cessar-fogo enviada pelo governo do americano Joe Biden, Israel reservou o direito de responder no sul do Líbano caso avalie ter havido violações por parte do Hezbollah. Logo, pelo acerto com os Estados Unidos, os israelenses não precisam seguir das determinações do pacto com a milícia libanesa. As IDF também podem realizar voos de inteligência sobre o território libanês, ignorando as determinações da resolução 1.701 da ONU (base para a trégua) para respeito à soberania libanesa.

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