Apesar de citar urgência, Biden não declara emergência climática nos EUA
Presidente anuncia financiamento de 2,3 bilhões de dólares para reduzir ondas de calor, mas enfrenta tensões dentro do próprio partido para aprovar planos
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta-feira, 20, que as mudanças climáticas são um “perigo claro e presente” e uma “ameaça existencial”, ao divulgar novas políticas para combater os efeitos da crise ambiental.
Entre as propostas exibidas pelo presidente, estão o aumento de medidas para estimular o desenvolvimento de energia eólica offshore em novas áreas do Golfo do México, Flórida, Geórgia e Carolinas, e a disponibilidade de sistemas eficientes de refrigeração doméstica.
Além disso, Biden também anunciou a maior infusão de financiamento de todos os tempos – 2,3 bilhões de dólares – para um programa federal de subsídios que ajuda as comunidades a reduzir sua vulnerabilidade a ondas de calor, secas, furacões e outros impactos de um clima em aquecimento.
Ele ainda destacou a necessidade dos Estados Unidos – país que mais emite gases do efeito estufa do mundo – agir o mais rápido possível, e citou os impactos das mudanças climáticas sob a população, como a árdua onda de calor, com temperaturas recorde, que o hemisfério norte está enfrentando.
“A mudança climática é uma emergência. E nas próximas semanas vou usar o poder que tenho como presidente para transformar essas palavras em ações oficiais do governo por meio de proclamações apropriadas, ordens executivas e poderes regulatórios que um presidente possui”, afirmou Biden, em uma antiga usina de energia a carvão em Massachusetts.
+Biden considera declarar estado de emergência climática nacional
Mesmo chamando de “emergência existencial”, o líder – que cogitou declarar situação de emergência climática nacional ainda nesta semana– não mencionou este projeto, com o objetivo de manter o apoio do senador democrata Joe Manchin, que tem tendências conservadoras.
Caso ele declarasse emergência climática formalmente, a medida liberaria novos poderes para desenvolver energia limpa e restringir a extração e exportação de combustíveis fósseis
“Já que o Congresso não está agindo como deveria – e esses caras aqui estão, mas não estamos conseguindo muitos votos republicanos – isso é uma emergência, uma emergência, e vou olhar dessa forma”, disse o presidente americano.
Biden já fazia promessas sobre ações agressivas contra as mudanças climáticas desde a época de sua campanha. Agora está sob pressão para cumprir tais acordos, mas não quer se indispor com Manchin, cujo voto é crítico no Senado igualmente dividido. O legislador da Virgínia Ocidental representa um estado rico em carvão e gás natural e extraiu grande parte de sua própria riqueza da indústria do carvão.
O governo espera manter o apoio de Manchin a um importante projeto de saúde que reduziria os custos dos medicamentos prescritos e dos planos de seguro Obamacare antes das eleições de meio de mandato em novembro.