Um relatório da IQAir, empresa suíça de tecnologia de qualidade do ar, divulgado nesta terça-feira, 19, revelou que apenas sete países do planeta apresentam níveis de poluição abaixo do limite estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cumprindo com os padrões internacionais de qualidade do ar.
Austrália, Estônia, Finlândia, Granada, Islândia, Ilhas Maurício e Nova Zelândia são os únicos entre os 134 países e regiões analisados pelo relatório onde as partículas PM2,5, pedacinhos microscópicos de poluição, não ultrapassam o máximo recomendado pela OMS. Quando inaladas com frequência, essas partículas podem causar diversas consequências à saúde, principalmente respiratória e cardiovascular, e até levar à morte.
Pódio sem orgulho
O Paquistão, país mais poluído do mundo, tem catorze vezes mais PM2,5 na atmosfera do que o padrão internacional, segundo o relatório. Índia, Tajiquistão e Burkina Faso são os próximos na lista dos países mais poluídos, sendo que a área urbana com pior qualidade de ar no globo em 2023 foi a cidade indiana de Begusarai.
“A ciência é bastante clara sobre os impactos da poluição atmosférica e, no entanto, estamos habituados a ter um nível de poluição de fundo demasiado elevado para ser saudável. Não estamos fazendo ajustes rápido o suficiente”, afirmou Glory Hammes, presidente executiva da IQAir na América do Norte em comunicado.
O Brasil não foi destaque negativo, mas também não foi positivo. No meio da lista, ocupa a 83ª posição – menos poluído que Grécia (57º lugar) e que o vizinho Chile (53º), mas com pior qualidade do ar que nos Estados Unidos (102º) e Argentina (101º).
Decaída
A poluição atmosférica, causada principalmente pelas indústrias e veículos, mata cerca de 7 milhões de pessoas por ano e vem aumentando em alguns locais do planeta devido a incêndios florestais e à recuperação da atividade econômica. O Canadá, que possuía um dos ares mais limpos do Ocidente, viu se do outro lado da lista no ano de 2023. Isso aconteceu devido ao grande incêndio que tomou o país no início do ano passado, cuja fumaça tornou os céus dos Estados Unidos laranja e foi detectada até na Europa Oriental.
Os resultados da China também pioraram, com um aumento de 6,5% nos níveis de PM2,5. A recuperação das atividades econômicas depois da pandemia de Covid-19, neste caso, foi a principal responsável pela piora na qualidade do ar.
Fora isso, muitos países, em especial os africanos, carecem de medições confiáveis da qualidade do ar, o que dificulta um resultado preciso.
Limite em questão
Em 2021, a OMS reduziu os níveis considerados “seguros” de PM2,5 para cinco microgramas por metro cúbico de ar. No entanto, uma pesquisa divulgada por cientistas americanos no mês passado defendeu que não existe tal coisa como um “nível seguro” das partículas, revelando que mesmo exposições pequenas estão relacionadas com o aumento da hospitalização por doenças cardíacas e asma.
Medidas como a adaptação das cidades para a diminuição do uso de carros, a substituição dos combustíveis fósseis por energia limpa e a alteração do manejo florestal para a redução do número de incêndios foram citadas ela IQAir como melhorias necessárias para a redução da poluição.