Apenas 29% dos americanos apoiam ataques do Exército no Caribe, revela pesquisa
Ao menos 51% se opõem a execuções de suspeitos narcotraficantes na costa da Venezuela, enquanto maioria é contra derrubada militar de Nicolás Maduro
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta sexta-feira, 14, revelou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos para matar suspeitos de narcotráfico, sem o devido processo judicial, uma crítica às ações do presidente Donald Trump no Caribe e no Pacífico, com foco na Venezuela.
O levantamento, que durou seis dias e foi encerrada na quarta-feira, um dia após o maior porta-aviões do mundo chegar na América Latina para aumentar a pressão sobre o ditador Nicolás Maduro, mostrou que 51% se opõem às execuções de suspeitos de tráfico de drogas. O restante não tinha opinião formada.
Em um sinal de divisão entre os apoiadores de Trump, 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e 10% a favor.
Além disso, só 35% dos entrevistados disseram apoiar o uso da força militar contra a Venezuela, sem a permissão do governo local, para reduzir o fluxo de drogas ilegais em direção aos Estados Unidos.
Desde setembro, a Casa Branca ordenou pelo menos vinte ataques militares contra embarcações que diz serem suspeitas de “narcoterrorismo” no Caribe e no Pacífico, próximo à costa da Venezuela e (com menos frequência) Colômbia, matando pelo menos 79 pessoas. Alguns líderes da região, juristas e grupos de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, condenaram os ataques como execuções extrajudiciais ilegais de civis, e expressaram preocupação de que Washington esteja violando o direito internacional.
Trata-se de um rompimento radical com a abordagem tradicional de Washington — usar a Guarda Costeira americana para interceptar carregamentos marítimos de drogas e, em seguida, levar os traficantes à Justiça. O governo Trump justifica que os Estados Unidos estão em guerra contra cartéis de drogas e que tribunais não são necessários em conflitos armados, ao mesmo tempo que acusa o governo venezuelano de estar em conluio com os narcotraficantes – acusação que Maduro nega. A Casa Branca acusa o ditador venezuelano de ser chefe do Cartel dos Sóis e colocou sua cabeça a prêmio por US$ 50 milhões.
Conflito militar?
Na noite de quinta-feira 13, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, anunciou o início da “Lança Sul”, uma operação militar contra o narcotráfico na América Latina que, apesar de não mencionar diretamente a Venezuela, aumenta o temor de que haja uma intervenção no país.
Caracas disse estar preparando sua defesa para o caso de ataques diretos dos Estados Unidos, que a agência de notícias Reuters apurou tratar-se de uma estratégia de guerrilha misturada com anarquia. Na quarta-feira, Maduro, ativou os chamados “Comandos Integrados de Defesa”, uma nova estrutura que reúne “todas as instituições públicas do Estado venezuelano, a instituição militar e todo o poder popular” para fortalecer a capacidade de defesa em caso de confronto militar. Em suma, deixou o Exército e todas as forças de segurança de prontidão.
Nos últimos meses, os Estados Unidos despacharam ao Mar do Caribe seu maior porta-aviões, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e mais de 6.500 soldados, enquanto Trump intensifica o jogo de quem pisca primeiro com o governo venezuelano.
O republicano também revelou que autorizou a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações em Caracas de que Washington quer derrubar o presidente Nicolás Maduro. Fontes próximas à Casa Branca afirmam que o Pentágono apresentou a Trump diferentes opções, incluindo ataques a instalações militares venezuelanas — como pistas de pouso — sob a justificativa de vínculos entre setores das Forças Armadas e o narcotráfico.
O regime de Maduro criticou “golpes da CIA” e acusou Washington de tentar derrubá-lo do poder.
Segundo a pesquisa Reuters/Ipsos, apenas 21% dos americanos disseram apoiar o uso da força militar para remover Maduro, enquanto uma parcela um pouco maior (31%) afirmou que apoiaria sua destituição pelos Estados Unidos “por meios não militares”.
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