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Ao lado de chanceler, Bolsonaro insiste na mudança da embaixada em Israel

Presidente eleito diz que membros do atual governo que não estejam processados pela Justiça podem assumir embaixadas

Por Denise Chrispim Marin 14 nov 2018, 19h01

Logo ao anunciar o embaixador Ernesto Araújo como chanceler de seu governo, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, voltou a insistir na transferência da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. Suas declarações anteriores já provocaram reações do mundo árabe. O governo do Egito cancelou visita que receberia no dia 8 passado do atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e de uma missão empresarial brasileira como sinal de insatisfação.

“Quem define (onde instalar a embaixada) é seu governo. Vamos supor, se o Brasil fosse abrir sua embaixada em Israel, seria Tel-Aviv ou Jerusalém? Com certeza, seria em Jerusalém”, afirmou Bolsonaro à imprensa. “A independência do governo brasileiro tem de ser respeitada em qualquer lugar.”

O presidente eleito mostrou-se irredutível nesse quesito, embora tenha se esquivado de uma resposta mais concreta sobre a transferência. “Quando eu assumir em janeiro, você terá essa resposta”, completou.

Em gravação ao vivo pelo Facebook, no último dia 9, ele afirmara que não se deveria “dar bola” para o cancelamento da missão empresarial brasileira ao Cairo pelo governo do Egito. “Agora a bronca! Suspenderam a ida de empresários ao Egito, porque o Bolsonaro falou não sei o quê. Pelo amor de Deus, pelo amor de Deus! Vai dar bola pra isso, poxa?”, declarou.

A questão, porém, é considerada extremamente delicada. Pode trazer muito mal-estar para as relações entre o Brasil e os países árabes e os muçulmanos não árabes, como o Irã. Em especial, na seara comercial. O Egito importou 1,5 bilhão de dólares em produtos brasileiros entre janeiro e setembro, segundo dados públicos da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Todo o Oriente Médio, excluído Israel, comprou 9,6 bilhões de dólares do Brasil no período, enquanto Israel importou 256 milhões.

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Embaixadas

O presidente eleito afirmou ainda que não nomeará para embaixadas e ministérios os membros do atual governo que estejam processados judicialmente. “Não temos nenhuma conversação com pessoas do governo para assumir embaixada ou ministério. Quem tiver devendo para a Justiça, não terá a mínima chance no governo meu. Com quem não deve, podemos até conversar”, afirmou.

Durante o anúncio desta quarta-feira, Bolsonaro tomou para si a tarefa de responder às primeiras perguntas sobre temas de política externa endereçadas ao futuro chanceler. Afirmou que dará asilo político aos cubanos que o pedirem, depois da decisão de Havana de cortar sua participação no programa Mais Médicos, no Brasil. Também prometeu uma participação mais efetiva do governo federal à recepção dos migrantes venezuelanos em Roraima.

 

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