Anistia Internacional: 7.000 profissionais da saúde morreram de Covid-19
Relatório da ONG é baseado em números do governo, dados de agências médicas nacionais e páginas memoriais; Brasil está em 4º lugar, com 634 óbitos
Um relatório da ONG Anistia Internacional, publicado nesta quinta-feira, 3, estima que ao menos 7.000 profissionais de saúde morreram no mundo inteiro após contrair o novo coronavírus. O México ficou em primeiro lugar, com 1.320 fatalidades, e o Brasil em quarto, com 634, destacando o fracasso em proteger quem trabalha na linha de frente contra a pandemia.
A organização de defesa dos direitos humanos comunicou que o número de mortos representa “uma crise em escala impressionante” e renovou um apelo urgente para que os governos forneçam o equipamento de proteção necessário.
“Todos os profissionais de saúde têm o direito de estar seguros no trabalho e é um escândalo que tantos estejam pagando o preço mais alto”, disse Steve Cockburn, chefe de justiça econômica e social da Anistia Internacional.
Cockburn completou que, enquanto governos retrataram esses profissionais como heróis em propagandas, “trabalhadores estão morrendo por falta de proteção básica”.
De acordo com a Anistia Internacional, cujos dados foram colhidos em páginas memoriais, fontes governamentais e associações médicas nacionais, o país que lidera a lista de mortes de trabalhadores de saúde é o México (1.320), seguido pelo que foi mais duramente atingido pela pandemia – Estados Unidos, com 1.077 óbitos. Atrás deles estão o Reino Unido (649) e o Brasil (634).
A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, Carissa Etienne, disse na quarta-feira 2 que as Américas têm “o maior número de profissionais de saúde infectados no mundo”.
Na Índia, que nesta quinta-feira relatou um recorde diário de 83.883 novas infecções, pelo menos 573 profissionais de saúde morreram e mais de 87.000 foram infectados. Na África do Sul, 240 profissionais perderam suas vidas para a Covid-19 e o Sindicato Nacional de Educação, Saúde e Trabalhadores Aliados convocou uma manifestação para exigir maior apoio do governo aos trabalhadores da linha de frente.
Na maioria dos países, a proteção inadequada é a maior preocupação. No Brasil, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) disseram que os EPIs eram insuficientes, faltavam protocolos para lidar com infectados e não havia proteção para familiares. No México, os profissionais de saúde fizeram uma série de manifestações exigindo atenção do governo.
“Pedimos a todos os governos que tomem medidas urgentes para proteger a vida dos trabalhadores da saúde. Além de aumentar o fornecimento de equipamentos de proteção, eles devem ouvir os trabalhadores da saúde que falam sobre suas condições de trabalho e respeitar seus direitos organizar”, comunicou a Anistia Internacional.