Ajuda da Alemanha à Ucrânia vira piada: ‘vão enviar travesseiros?’
A ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, disse que a entrega de capacetes 'envia sinal muito claro' de apoio à Ucrânia

Quinto maior exportador de armas do planeta, a Alemanha vem sofrendo fortes críticas na Europa por recusar o envio de ajuda militar à Ucrânia.
Nesta quarta-feira (24), Berlim tentou contornar o crescente desconforto entre aliados, anunciando envio de 5.000 capacetes para Kiev.
De acordo com a ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, a entrega dos capacetes “representa um sinal muito claro” de que seu país está do lado da Ucrânia em meio ao cerco promovido pela Rússia.
A ajuda, porém, foi considerada uma “piada” pelo prefeito da capital ucraniana, Vitali Klitschko. Segundo Klitschko, o conteúdo da ajuda militar “o deixou sem palavras”.
“Cinco mil capacetes são uma piada absoluta”, disse o prefeito ao jornal diário alemão Bild. “O que a Alemanha enviará a seguir? Travesseiros?”
Com 125.000 soldados russos reunidos na fronteira ucraniana, é forte o temor de que um grande conflito possa eclodir no coração da Europa.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky vem fazendo apelos a potências ocidentais para que ajudem o país a reforçar suas defesas militares.
Até o momento, Reino Unido, Estados Unidos e os países bálticos já enviram armas e dinheiro para Kiev. Os armamentos incluem mísseis antitanque e baterias antiaéreas.
Mas o chanceler Olaf Scholz vem se recusando a enviar auxílio militar a Kiev, alegando que o gesto serviria para inflamar ainda mais a região.
Por trás da postura reticente, apontam críticos, está a dependência da Alemanha do gás russo. Metade do consumo de gás natural da indústria alemã tem origem em território russo.
A Alemanha também planeja para breve a inauguração de um novo gasoduto, o Nordstream 2, que conectará as reservas russas ao país através do Mar Báltico.
Berlim afirmou no início desta semana que a Alemanha entregaria um hospital de campanha e que já forneceu respiradores.
A contribuição foi alvo de críticas em Kiev. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, afirmou que a postura da Alemanha está “minando a unidade europeia” e “encoraja Vladimir Putin”.