Jogue a primeira pedra quem nunca mentiu para a professora para escapar de uma tarefa de casa ou prova. Porém, em Detroit, nos Estados Unidos, o caso de uma adolescente de 15 anos que não entregou as lições e deixou de assistir às aulas online ganhou enormes proporções e foi parar na Justiça. A jovem negra identificada apenas como Grace foi condenado a cumprir tempo de prisão em uma penitenciária juvenil.
Na audiência que determinou a pena da adolescente, a juíza Mary Ellen Brennan considerou Grace “culpada por não se submeter a nenhum trabalho escolar” e disse que a adolescente era uma “ameaça” à sociedade por condenações anteriores. A jovem foi detida em meados de maio.
A divulgação do caso imediatamente motivou protestos de centenas de estudantes em Detroit. Colegas de escola da adolescente, professores e outros jovens se reuniram em frente ao colégio onde Grace estudava para pedir sua libertação. Os manifestantes acusam a Justiça de racismo. Após a repercussão, a Suprema Corte do estado de Michigan disse que vai rever o processo.
O caso
Grace já havia sido condenada em abril por agressão e roubo, e cumpria liberdade condicional em sua casa. Parte das suas tarefas consistia em participar das aulas online oferecidas por sua escola, por causa da pandemia de coronavírus.
A adolescente foi diagnosticada com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e já vinha enfrentando dificuldades no colégio, inclusive por problemas de comportamento. Com as aulas à distância e sem a presença dos professores, acompanhar o conteúdo tornou-se ainda mais difícil para a garota, segundo sua mãe relatou ao site ProPublica.
Em uma audiência em meados de maio na Divisão de Tribunal de Família do Condado de Oakland, a Justiça determinou que Grace havia violado as condições de sua liberdade condicional e a considerou uma “ameaça” à sociedade por suas condenações anteriores.
Alunos e professores da Groves High School, no subúrbio de Detroit onde a jovem vive, organizaram um protesto nesta quinta-feira 16. Milhares de pessoas assinaram petições online pedindo sua libertação.
“Muitas pessoas ficaram para trás no trabalho neste semestre, ninguém teve motivação para fazer nada porque os professores não estavam ensinando e todos estávamos online. Conheço tantas pessoas que não fizeram a lição de casa”, contou uma das estudantes que participaram do movimento, Prudence Canter, de 18 anos, à agência de notícias Reuters.