Acordo de livre comércio Mercosul-Efta traz compromisso ambiental
Negociações com Suíça, Islândia, Noruega e Liechtenstein incluíram cláusula de respeito ao Acordo de Paris sobre Mudança do Clima
Assim como no acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia, o pacto concluído nesta sexta-feira, 23, com a Efta (Suíça, Islândia, Noruega e Liechtenstein) traz um compromisso de respeito ao Acordo de Paris sobre Mudança Climática e de comércio com responsabilidade ambiental, informaram o Itamaraty e o Ministério da Economia a VEJA.
“Esse compromisso dá a dimensão da importância desses temas para o Brasil e o Mercosul”, afirmou Marcos Troyjo, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia. “A negociação não foi contaminada pelas polêmicas mais recentes, mas se manteve concentrada nos ganhos econômicos potenciais dos dois lados”, disse o ministro Michel Arslanian, negociador-chefe brasileiro.
Tanto Arslanian como Troyjo destacaram o fato de este acordo ter sido assinado apenas dois meses depois da conclusão das negociações com a União Europeia. Para Arslanian, este é um dado irrefutável do compromisso brasileiro com a abertura de sua economia e com as demais reformas destinadas ao aumento da competitividade e da produtividade dos setores nacionais.
“A linha protecionista não tem mais acolhida na agenda de reformas do governo, que consolida com esse acordo seu engajamento com a abertura comercial”, afirmou Arslanian.
Segundo Troyjo, as economias da Efta, que somam juntas um Produto Interno Bruto de 1,1 trilhão de dólares, são altamente desenvolvidas em vários setores e avançadas do ponto de vista institucional.
“Tratam-se de países irradiadores de investimentos produtivos, que abrem um amplo potencial de parcerias tecnológicas em setores como o de petróleo e gás, alimentos e serviços farmacêuticos com o Brasil e o Mercosul”, explicou. “Além disso, estaremos engajados com nações que adotam as melhores práticas em desenvolvimento sustentável, combate à corrupção e fortalecimento da democracia”, completou.
Troyjo espera que, passadas as fases de revisão jurídica e de tradução, o acordo com a Efta possa ser assinado ainda neste ano e encaminhado para os Legislativos dos oito países envolvidos. O acordo com a União Europeia deve estar pronto para a assinatura entre março e abril de 2019. Somente depois da ratificação pelos Congressos, ambos os acordos entrarão em vigor.
Até que essas etapas sejam cumpridas, há expectativas de que ambos os acordos gerem mais investimentos para o Mercosul e maior facilidade para as negociações de livre comércio em curso com o Canadá, a Coreia do Sul e Singapura. “O passe do Mercosul se valoriza nas negociações internacionais, e já houve um sinal disso no interesse dos estados Unidos em aprofundar o comércio com o Brasil. O acordo com a União Europeia ajudou a tirá-los da toca”, afirmou Arslanian.