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Abu Bakr al-Bagdadi: quem era o comandante do EI que morreu na Síria

Jihadista se matou durante operação dos EUA neste sábado 26; iraquiano foi apelidado de ‘fantasma’

Por Da redação
27 out 2019, 13h13

O iraquiano Abu Bakr al-Bagdadi, cuja morte foi anunciada neste domingo, 27, pelo presidente americano Donald Trump, sempre viveu nas sombras, mesmo quando se autoproclamou chefe do Estado Islâmico (EI) e passou a controlar as vidas de 7 milhões de pessoas no Iraque e na Síria.

Apelidado de “fantasma”, foi um estudante de religião tímido que se tornou um combatente jihadista do segundo escalão. Subiu progressivamente os degraus até se tornar o incontestável líder do grupo extremista.

O EI perdeu força nos últimos anos. Seu último reduto caiu em março, em Baguz, na Síria, e milhares de seus combatentes estão atualmente presos pelos curdos sírios ou pelo Iraque.

A morte do líder extremista de 48 anos foi confirmada por Trump em um pronunciamento televisionado ao país, no qual explicou que o jihadista morreu “como um cachorro” em uma operação de agentes especiais americanos durante a noite no noroeste da Síria.

“Ele acionou seu colete, se matando”, disse Trump. “Ele morreu após correr para um túnel sem saída, soluçando, chorando e gritando por todo o caminho”, declarou, acrescentando que três de seus filhos também morreram com a explosão.

Boatos e informações sobre a morte do chefe da organização terrorista circularam nos últimos anos, mas sem nunca terem sido confirmados.

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Diabético e ferido ao menos uma vez, Ibrahim Awad al-Badri, seu verdadeiro nome, mostrava seu rosto muito pouco.

Nascido em 1971, em Samarra, ao norte de Bagdá, Al-Bagdadi era chamado de “fantasma” por seus partidários. O governo dos Estados Unidos oferecia 25 milhões de dólares em recompensa por sua captura.

Apesar do amplo aparato de propaganda do EI, que divulga uma grande quantidade de fotos e vídeos de suas ofensivas e atrocidades, Bagdadi pouco apareceu nos últimos anos.

Nos tempos de califado, o “califa Ibrahim” apareceu em público apenas uma vez, durante um discurso que foi gravado em uma mesquita de Mossul e divulgado em julho de 2014. Ele estava com barba grisalha, turbante e roupas escuras.

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Depois apareceu em um outro vídeo divulgado em abril passado. Al-Bagdadi teria abandonado Mossul no início de 2017 e teria sido visto em vários lugares próximos da fronteira entre Síria e Iraque.

Segundo um documento do serviço secreto iraquiano, Al-Bagdadi tem doutorado em Estudos Islâmicos e foi professor na Universidade de Tikrit (norte).

Teve quatro filhos com a primeira esposa, entre 2000 e 2008, e mais quatro com a segunda.

Em uma entrevista ao jornal sueco Expressen em 2017, Saja Al-Dulaimi, que foi sua mulher por três meses, descreveu-o como “um pai de família normal”, professor universitário, admirado pelas crianças.

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Apaixonado por futebol, sonhava ser advogado, mas seu desempenho escolar abaixo do nível necessário não permitiu que cursasse Direito. Também teria tentado entrar para o Exército, mas seus problemas de visão o impediram. Por fim, estudou Teologia em Bagdá.

Al-Bagdadi se uniu à insurreição no Iraque pouco depois da invasão das tropas dos Estados Unidos em 2003 e teria sido levado para um campo de detenção americano.

Apesar de as forças americanas terem anunciado em 2005 a morte de Abu Dua – um de seus codinomes -, ele reapareceu em 2010 à frente do Estado Islâmico no Iraque (ISI), braço iraquiano da Al Qaeda.

Alguns anos depois, conseguiu transformar este grupo na mais potente, rica e brutal organização extremista do mundo, com presença na Síria em 2013 e no Iraque em 2014.

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Na época, Al-Bagdadi já havia se desvinculado da Al Qaeda ao rejeitar as ordens do líder desse grupo, Ayman al-Zawahiri, de se concentrar no Iraque e deixar a Síria para a Frente Al-Nosra.

Sua trajetória é diferente do caminho traçado por Osama bin Laden, que desenvolveu a Al Qaeda graças a sua fortuna e já era internacionalmente conhecido muito antes dos ataques de 11 de setembro de 2001, sobretudo, pelos muitos vídeos em que aparecia.

(Com AFP)

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