“Maduro, entenda: a Venezuela não quer você.” A faixa, uma das muitas erguidas sobre o mar de gente que tomou conta de Caracas e outras cidades do país na terça 12, expressava o sentimento da maior parte da população em relação a Nicolás Maduro, o presidente no Palácio de Miraflores — e, por tabela, seu crescente apoio a Juan Guaidó, o autoproclamado presidente interino, aplaudido nas ruas lotadas de manifestantes. A mais recente passeata arrebanhou, mais do que nas anteriores, os moradores das favelas, dos cortiços e da periferia, um bastião chavista que derreteu sob as agruras da desesperança. Maduro continua a resistir, amparado nos colectivos — grupos de civis armados que ensaiaram uma contramanifestação na mesma terça, com muito menos participantes — e nas Forças Armadas. Na última semana, entre invectivas contra o imperialismo do “supremacista branco” Donald Trump, o ditador deu início ao que qualificou de “as maiores manobras militares da história da Venezuela”. O apoio militar será posto à prova quando estiverem prontos para entrar no país os comboios de ajuda humanitária que Guiadó está reunindo em três pontos da fronteira. Maduro não admite a passagem. “Não precisamos implorar nada a ninguém”, disse. A população, carente de comida e de remédios, aguarda o acesso às doações, vindas dos EUA. Caberá aos oficiais decidir se obedecem ao chefe ou se cedem ao anseio popular. Guaidó anunciou a data da primeira entrega: 23 de fevereiro.
Publicado em VEJA de 20 de fevereiro de 2019, edição nº 2622
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