A VEJA, familiar de bebê morto em Gaza acusou Hamas de travar ‘guerra psicológica’
Kfir Bibas foi sequestrado aos nove meses de idade junto com a mãe, Shiri, o irmão, Ariel, de 4 anos, e o pai, Yarden. Apenas o último sobreviveu

O Hamas entregou nesta quinta-feira, 20, os corpos de quatro reféns israleneses em caixões pretos. A devolução faz parte do acordo de cessar-fogo entre o grupo militante e o país atacado em 7 de outubro de 2023. Entre os corpos estão o de um bebê de nove meses.
Os restos mortais foram recebidos por integrantes da Cruz Vermelha, que os levou até Israel. O governo de Tel Aviv confirmou o recebimento dos corpos por volta das 6h, no horário de Brasília. As vítimas foram sequestradas no dia do início do conflito.
Os corpos foram identificados como de Shiri Bibas, dos filhos dela, Kfir Bibas, de nove meses, e Ariel Bibas, de 4 anos, e do idoso Oded Lifschitz. Segundo o Hamas, eles foram mortos em um ataque aéreo israelense. Esposo de Shiri e pai das crianças, Yarden Bibas foi feito refém, mas libertado com vida em 1º de fevereiro.
Kfir tinha nove meses quando a família Bibas foi sequestrada no Kibutz Nir Oz, uma de uma série de comunidades perto de Gaza que foram invadidas por terroristas em 7 de outubro de 2023. O Hamas disse em novembro daquele ano que os meninos e sua mãe foram mortos em um ataque aéreo israelense, mas a informação nunca foi confirmadas pelas autoridades israelenses.
Em entrevista a VEJA, Maurice Schneider, tio de Shiri Bibas e tio-avô do bebê Kfir, definiu as ações do grupo palestino como uma “guerra psicológica”.
“Nós sofremos, porque somos seres humanos. Somos vítimas de uma guerra psicológica. Tem um lado que sofre e um lado que desfruta do nosso sofrimento”, afirmou.
A conversa aconteceu em dezembro de 2023, durante uma turnê dos parentes de reféns pela América Latina. Naquela época, ele afirmou que não tinha perdido a esperança de rever seus familiares ainda vivos, mas sabia que existia a possibilidade de que a informação do Hamas fosse verdadeira.
“Posso ter perdido três membros da minha família, não sei. Mas ganhei centenas de amigos”, afirmou a VEJA o peruano, que hoje mora em Nova York, nos Estados Unidos. “O que estamos passando… Sorrio para ter mais energia. E vim ao Brasil para que nos apoiem, para que tenhamos força.”