Uma rodada de negociações entre o grupo terrorista palestino Hamas e mediadores para um cessar-fogo em Gaza terminou nesta terça-feira, 5, sem frutos. A apenas cinco dias do Ramadã, é incerto se Israel e os militantes chegarão a um acordo a tempo do início do feriado sagrado islâmico.
Um alto funcionário do Hamas, Bassem Naim, disse à agência de notícias Reuters que apresentou sua proposta para uma trégua a mediadores no Cairo, onde passaram dois dias negociando. Segundo ele, o grupo palestino está aguardando uma resposta dos israelenses, que ficaram longe dessa rodada de conversas.
“[O primeiro-ministro Benjamin] Netanyahu não quer chegar a um acordo. A bola agora está no campo dos americanos (para convencê-lo)“, disse Naim.
Impasse
Autoridades israelenses afirmaram que seus representantes não foram enviados às tratativas devido a uma exigência que não foi cumprida. Tel Aviv pediu ao Hamas que apresente uma lista de 40 reféns vivos, entre idosos, doentes e mulheres, que seriam os primeiros a ser libertados como parte da trégua – que, na configuração em que está sendo negociada, duraria inicialmente seis semanas.
Contudo, o Hamas demanda, por sua vez, que antes disso Israel permita a entrada de ajuda humanitária em grande escala em Gaza e que os palestinos deslocados das suas casas no norte do enclave sejam autorizados a regressar. Além disso, diz que listar os reféns depende do cessar-fogo, já que estão espalhados pela zona de guerra e detidos por grupos separados.
Corrida contra o tempo
As negociações do Cairo haviam sido anunciadas como o último obstáculo para chegar ao primeiro cessar-fogo desde novembro. Aquele durou uma semana, mas este seria prolongado: uma trégua de 40 dias, durante a qual dezenas de reféns seriam libertados e Gaza receberia ajuda humanitária. A ideia é que tudo isso ocorresse antes do Ramadã, que começa no dia 10 de março.
Washington, o aliado mais próximo de Israel e principal mediador das negociações de cessar-fogo, disse que um acordo aprovado por Israel já está sobre a mesa e cabe ao Hamas aceitá-lo. O grupo palestino, porém, contesta a narrativa, afirmando que só serve para desviar a culpa de Israel se as negociações fracassarem.
Desde o início da guerra, mais de 30 mil pessoas foram mortas em Gaza pelos ataques de Israel, lançados após o Hamas invadir o país e matar 1.200 pessoas em outubro do ano passado.