Israel declarou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, persona non grata nesta quarta-feira, 2, proibindo-o de entrar no país. A decisão foi anunciada pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, como uma forma de protesto contra a ONU por não ter condenado “inequivocamente” o ataque do Irã com mais de 180 projéteis contra Israel, nesta terça-feira, 1º.
Guterres emitiu na terça-feira uma declaração condenando “o agravamento do conflito no Oriente Médio, escalada após escalada”, mas não fez qualquer referência direta ao ataque do Irã.
Katz descreveu Guterres como “um secretário-geral que dá apoio a terroristas, estupradores e assassinos do Hamas, Hezbollah, Houthis e agora do Irã – a nave-mãe do terror global”, acrescentando que ele será lembrado “como uma mancha na história da ONU”.
“Israel continuará a defender seus cidadãos e a manter sua dignidade nacional, com ou sem António Guterres“, completou.
Declarar alguém como persona non grata no campo da diplomacia indica que essa pessoa não é bem-vinda em determinado país, embora não seja necessariamente proibida de entrar no território. Mas, no caso António Guterres, o chanceler israelense baniu formalmente sua entrada em Israel, alegando que ele “não merece pisar em solo israelense.”
Declaração polêmica
Em outubro do ano passado, Guterres condenou o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, mas irritou os israelenses ao afirmar que “é importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram no vácuo. O povo palestino foi submetido a 56 anos de ocupação sufocante”.
Na ocasião, o secretário-geral da ONU disse que os palestinos “tiveram suas terras constantemente devoradas por assentamentos e atormentadas pela violência; sua economia sufocada; seu povo deslocado e suas casas demolidas.”
No mês passado, a Assembleia Geral da ONU votou esmagadoramente para ordenar que Israel ponha um fim na ocupação de quase seis décadas dos territórios palestinos da Cisjordânia.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi declarado persona non grata por Israel em fevereiro devido a uma fala em que acusou o Exército israelense de conduzir um genocídio em Gaza e comparar suas ações ao Holocausto contra os judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler.