“Trata-se de um mundo novo”
Indicado ao Prêmio Veja-se na categoria Políticas Públicas fundou e gerencia o Datapedia, uma plataforma de informações socioeconômicas do país

Quando resolveu consolidar dados públicos e oficiais de todos os municípios do Brasil num só lugar, Marcos Silveira contava apenas com a tecnologia do Excel e do PowerPoint. Com esses softwares básicos e um conhecimento elementar de programação, ele montou o protótipo do que é hoje a maior plataforma de informações socioeconômicas do país.
O Datapedia unifica informações de órgãos como os ministérios da Educação, Saúde e Cidades, o Tribunal de Contas da União, o Tribunal Superior Eleitoral e uma massa gigantesca de dados técnicos dispersos e até mesmo escondidos na internet. Na época em que estagiava como consultor em governos e prefeituras, ele chegava a perder três meses procurando essas informações. “Era um trabalho maçante, muito difícil. Foi aí que surgiu a ideia de unificar e traduzir esses dados, para disseminá-los, principalmente, para os municípios mais vulneráveis”, diz Silveira. Segundo ele, 89% das cidades brasileiras têm menos de 50.000 habitantes e pouca capacidade técnica para fazer boas análises de dados.
Hoje, em poucos segundos, é possível chegar ao mesmo resultado usando a plataforma, criada há dois anos e meio em parceria com Patricia Tavares, que foi sua professora de gestão pública e liderança na Fundação Getulio Vargas em São Paulo. As possibilidades de cruzamento de dados sobre finanças públicas, renda per capita, educação, saúde, segurança e outros indicadores são praticamente infinitas, assim como as políticas públicas necessárias para os problemas detectados. Além de reunir as estatísticas, a proposta do Datapedia é traçar estratégias. Silveira cita o exemplo do saneamento básico — no Brasil, 48% dos habitantes não têm água filtrada e 52% não dispõem de esgoto tratado. “É uma agenda do século XIX. Esses dados gritam, e a gente precisa de mais barulho em torno deles, para buscar soluções”, defende.
O Datapedia, que tem sede numa casa em São Paulo, já atraiu 230.000 visualizações. Um dos desafios para o desenvolvimento da plataforma foi encontrar colaboradores que, como Silveira, se consideram “doidos no propósito de melhorar a gestão pública”. Outra dificuldade foi convencer os governos da importância de ter dados bem organizados e interpretados. “Empreender no Brasil já é difícil, empreender para melhorar a administração pública é mais difícil ainda. Levei vinte ‘nãos’ até fechar um primeiro projeto. É preciso ter resiliência e ser teimoso para continuar.”
Para as eleições do próximo ano, a equipe do Datapedia prepara-se para divulgar análises cruzadas com indicadores socioeconômicos das cidades e informações sobre os pleitos de 2012, 2014 e 2016, como gastos e financiadores das campanhas municipais. “Trata-se de um novo mundo, com um leque enorme de possibilidades”, diz Silveira.
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