Joice Toyota fazia seu mestrado em educação, nos Estados Unidos, quando os protestos de 2013 se alastraram pelo Brasil. De longe, ela captou o mal-estar generalizado em relação à política e decidiu empreender. No ano seguinte, antes mesmo de ter um nome, marca ou site, a organização que ela idealizou, o Vetor Brasil, atraiu 1.700 interessados em trabalhar no serviço público. Entre uma aula e outra, com a ajuda de voluntários, Joice selecionou doze trainees, que foram contratados pelos governos de São Paulo, Goiás, Pará e pela prefeitura de Salvador. Hoje com sede em São Paulo, quinze funcionários e 150 trainees espalhados pela administração pública de 24 estados, o Vetor Brasil faz duas seleções por ano. Na última edição, houve 14.000 inscritos.
O mote da organização sem fins lucrativos, que atrai, seleciona e desenvolve talentos para o setor público, é “seja você a mudança que quer ver no governo”, define Joice, natural de Sorocaba, no interior paulista. Além do programa de trainee em gestão pública, o Vetor prospecta perfis de excelência para cargos da alta administração, como secretarias municipais e estaduais. Foram cinco secretários contratados até agora. Neste ano, a organização pretende inovar ao conduzir a seleção para o cargo de secretário regional de Educação de um consórcio de dez municípios pequenos no norte do Paraná, que ao todo têm 80.000 habitantes. É um cargo que ainda não existe no país, já que secretários são vinculados a municípios ou estados. A organização também trabalha na seleção de mais 100 trainees para o próximo ano. O Vetor só atua no Executivo de prefeituras e governos estaduais, “onde está o Brasil de verdade”, nas palavras de Joice. Além da seleção, a organização capacita esses profissionais, com aulas sobre direito administrativo, tributário, orçamento público, entre outras disciplinas necessárias para a gestão pública. “No começo era muito difícil, porque as pessoas não entendiam o que a gente estava propondo, não achavam que isso faria diferença. Eu marcava reuniões, passava horas esperando e não era recebida. Viajava de ônibus, chegava lá e o prefeito já tinha ido embora, o secretário não estava mais”, lembra.
Após superar desafios como a abertura de uma conta bancária para a organização — quando a burocracia de meses finalmente destravou, os bancos entraram em greve —, o Vetor, neste ano, passou a ter uma demanda de governos superior à sua capacidade de atendê-la. “É um movimento que a gente tem de fazer como sociedade. Se o governo tem um monte de coisas de que eu não gosto, eu vou lá, vou contribuir, vou dar o meu melhor, para tentar mudar isso. A gente quer ajudar os governos a recepcionar o talento humano e a desenvolvê-lo, para que o país tenha funcionários que entendam de gestão pública para mudar a nossa realidade.”
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