“É possível realizar melhorias com pouco esforço”
Indicada ao Prêmio Veja-se na categoria Políticas Públicas ajuda a melhorar a gestão de hospitais universitários federais
Melhorar o atendimento a pacientes mesmo num cenário de orçamento curto, infraestrutura precária e falta de material e medicamentos é o cerne do trabalho de Isabella Vallejo. Ela comanda uma equipe de consultores que apoia a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao Ministério da Educação, na melhoria da gestão de 39 Hospitais Universitários Federais.
Há dois anos, quando começou a prestar esse serviço por meio da empresa de consultoria da qual é contratada, a EloGroup, Isabella deparou com problemas estruturais e uma gestão pouco integrada nos hospitais que percorreu em todo o país. “Se fosse mexer em todos os sistemas, todos os processos, demoraria muito para obter resultado. Pensei em que pontos a gente poderia trabalhar para, de maneira simples e viável, otimizar recursos. Eu queria mostrar que é possível realizar melhorias com pouco esforço”, diz Isabella, que mora em Brasília.
Uma das soluções foi rever os contratos de higienização dos hospitais. Em conjunto com engenheiros, técnicos, médicos e outros setores das instituições, percebeu-se que algumas áreas eram classificadas desnecessariamente como prioritárias, o que elevava o custo do serviço. Ao mudar esse detalhe do contrato, um dos hospitais atendidos reduziu em 800 000 reais por ano o custo de higienização, sem prejudicar o atendimento aos pacientes.
Em outro hospital, um trabalho de conscientização e seleção mais apurada do lixo reduziu pela metade o custo de descarte. Por seu potencial de causar danos às pessoas e ao meio ambiente, o manejo do lixo infectante, como agulhas e restos orgânicos, é muito mais caro. Isabella sugeriu diminuir o número das lixeiras para material hospitalar e priorizar o seu posicionamento em locais estratégicos, o que impediu em grande parte a mistura acidental com o lixo comum.
Outra medida: a criação de uma central de equipamentos para evitar ociosidade e compras dispensáveis. “Quando a gente bota todas as pessoas para conversar, elas começam a ver o impacto de sua atuação no serviço da outra e no resultado do hospital”, explica a jovem administradora.
Não é tarefa fácil fazer convergir todos os setores de um hospital. “Os gestores estão sempre tendo de resolver vários problemas críticos ao longo do dia. É um desafio pará-los e alertar ‘olhe, isso é importante, a gente precisa planejar a longo prazo’”, diz Isabella, que atualmente está se dedicando a encontrar maneiras de levar as melhorias na gestão de processos para além dos hospitais universitários. “Um sistema integrado de saúde não é só uma visão de hospital. Deve-se olhar a porta de entrada desse sistema, que são as unidades básicas de saúde e as equipes de saúde da família. É preciso expandir e conseguir também levar melhorias a essas áreas.”
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