Bar “secreto” Pina Cocktails & Co. faz os melhores drinques do Recife
O speakeasy serve criações autorais e que surpreendem da apresentação ao último gole

Na estreita e tortuosa Rua Miranda Falcão, uma travessa da Avenida Antonio de Góes, no Pina, não há placas, luminosos ou nenhum outro sinal de que por ali funciona um bar. Para cruzar o portão, subir a escada e alcançar o minúsculo ambiente é necessário dizer ao segurança parado à porta do número 78 a senha da noite, solicitada e recebida previamente via WhatsApp — a regra remete aos lugares do tipo speakeasy, da época da Lei Seca americana. Acomodados no balcão ou na mesa coletiva, embalados por jazz e blues, os notívagos escolhem os coquetéis em uma carta bastante criativa, autoral e que muda de tempos em tempos. Ela é elaborada pelo experiente bartender paulistano Luciano Guimarães, que mantém no currículo uma série de participações e vitórias em campeonatos no Brasil e no exterior, ao lado de seu pupilo e sócio Bruno Amisterdan.

O atual rol de drinques da dupla, que durante o dia também toca uma escola de bartenders no mesmo endereço, teve como ponto de partida o movimento surrealista nascido na Paris dos anos 20. Não por acaso as vinte sugestões instigam a curiosidade e os sentidos logo na apresentação. Mistura de uísque Jack Daniel’s com vinho fortificado, cordial de romã e uma pitada de ácido cítrico, que aqui realça os sabores frutados, o the blind chega coberto por uma trufa de chocolate com geleia de laranja feita na casa. Mais refrescante, o cavaleiro gelado leva brandy francês, cordial inglês, blend de chás de frutas vermelhas, limão-siciliano e bitter de laranja. De aparência leve mas potente no paladar, o the kamikaze não tem nada de clássico: vodca de pera, tintura de folhas, licor de capim-santo e um toque de ácido cítrico se unem para compor uma bebida defumada, que chega com gelo esculpido a mão e um aviãozinho de papel pousado sobre a taça. Cada drinque sai a R$ 23,00. Os tradicionais, como o negroni, não estão no cardápio, mas basta solicitá-los a Luciano, que comanda o balcão, que ele os executará com o maior prazer. “Só não me peça para fazer caipiroscas. Isso não tem vez por aqui”, avisa. Para harmonizar, aplacar a fome ou, ainda, diminuir os efeitos do álcool, a cozinha prepara dez tipos de petisco, entre eles o ceviche tropical (R$ 25,00) e a porção de bruschetta (R$ 23,00, com cinco unidades). Rua Miranda Falcão, 78, Pina, ☎ 99216-7329 (20 lugares). 21h/3h (fecha seg., ter. e dom.). Aberto em 2017.