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“Tinha um pouco de ciúmes”, diz Alain Prost sobre Ayrton Senna em entrevista

O piloto francês, maior rival de Senna, está em comercial de cervejaria em homenagem ao brasileiro

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 nov 2024, 10h48 - Publicado em 1 nov 2024, 14h00

O piloto francês Alain Prost, tetracampeão mundial de Formula 1, e principal adversário de Ayrton Senna na pista, foi convidado pela cervejaria Heineken para estrelar um comercial em homenagem ao piloto brasileiro. No vídeo, Prost faz um brinde a Ayrton. Um novo vídeo, divulgado nesta sexta-feira, antevéspera da Grande Prêmio do Brasil, que será realizado em Interlagos, em São Paulo, Prost conta que sentia “um pouco de ciúmes” do amor que os brasileiros tinham com Senna, algo que não aconteceu com ele na França.

Na entrevista, Prost presta reverência a Senna e diz que no começo, os dois eram amigos, mas que acabaram se tornando rivais devido ao comportamento competitivo de Senna. “Ele não queria ser meu amigo enquanto estávamos correndo porque me disse que tinha medo de que isso tirasse um pouco de sua motivação. Depois que eu me aposentasse, poderíamos nos divertir novamente, eu acho”, diz o francês. Confira a entrevista na íntegra, divulgada pela cervejaria: 

Você e Senna foram protagonistas de uma das maiores rivalidades da Fórmula 1. Como era o relacionamento de vocês fora das pistas? É uma pergunta difícil. Nosso relacionamento era muito, muito bom no começo, quando ele entrou na Fórmula 1. E então tivemos alguns anos juntos, especialmente em 1988 com a McLaren, e depois com equipes diferentes. Em 1989, tivemos uma discussão, um mal-entendido, e não nos falamos por alguns anos. Então foram cerca de 3 períodos. Depois que me aposentei em 1993, durante todo o inverno tivemos uma grande conexão. Lembro que a maioria das conversas que tivemos e essa relação me ajudaram a entendê-lo, sua personalidade e seu desejo de me vencer. Eu entendo, entendo muito. O relacionamento, a maneira como estávamos juntos era muito diferente dependendo do período.

Senna é o maior ídolo do Brasil. Por que você acha que ele tinha esse superpoder de unir todos os brasileiros? Não estou surpreso. Ayrton era muito especial. Quando pessoas como eu, durante toda a minha carreira e depois, tinham companheiros de equipe, sabia como todos nós éramos, eu sempre colocava Ayrton de lado, porque ele era um piloto e uma pessoa especial. Ele trouxe muito para o povo brasileiro, eu percebo isso. Toda vez que íamos ao Brasil, quando brigávamos, eu podia ver que eu tinha um pouco de ciúmes de que ele tinha quase todo o país atrás dele. Isso não aconteceu comigo. Os brasileiros são grandes fãs, e obviamente a maneira como ele deixou o nosso mundo em 1994, eu posso entender que você tem que manter essa memória, essa conexão. Ele queria fazer muito, ele tinha feito muito pelas crianças, com o Instituto, as ideias que ele tinha para o futuro, é uma pena que não pudemos ver tudo. Ele foi capaz de fazer muito fora da Fórmula 1, e eu sinto que os brasileiros reconheceram e sabiam disso.

Sr. Prost, se você pudesse tomar uma última Heineken com Senna, o que diria a ele? Eu adoraria. Esse era o plano. Estávamos conversando no final de 1993 e no início de 1994, tínhamos uma conexão, mais de uma ligação por semana. Estávamos falando sobre o presente, o futuro e o que aconteceu no passado, mas não muito. Com certeza, se pudéssemos compartilhar uma bebida, eu teria muitas perguntas, muitas conversas. Foi realmente diferente; tínhamos personalidades diferentes depois de dividir aquele último pódio em Adelaide em 93. Há muitas coisas que eu gostaria de perguntar e saber, porque ele era uma pessoa muito misteriosa. Ele não queria ser meu amigo enquanto estávamos correndo porque me disse que tinha medo de que isso tirasse um pouco de sua motivação. Depois que eu me aposentasse, poderíamos nos divertir novamente, eu acho.

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