Robert Scheidt anuncia aposentadoria dos Jogos Olímpicos
O velejador de 44 anos, maior recordista de medalhas do Brasil, disse que o alto nível exigido nos treinamentos foi determinante para a decisão
Maior medalhista olímpico do Brasil ao lado de Torben Grael, Robert Scheidt anunciou neste domingo que não disputará mais nenhuma Olimpíada, a três anos para os Jogos de Tóquio. O velejador de 44 anos revelou a notícia em entrevista concedida à TV Globo justificando que a decisão ocorreu por causa do alto nível exigido nos treinamentos para um evento deste porte. São mais de 20 anos competindo profissionalmente e viajando por todo o mundo para a disputa de diversos campeonatos. Aliado a isso, alguns problemas físicos o encaminharam a esta opção.
“Foi uma decisão correta para o momento. Não me arrependo de nada, foi uma trajetória maravilhosa. O volume de treinamento que eu teria que fazer nos próximos dois anos seria muito grande. Então, acabei optando por não dar sequência neste projeto, já que pequenas lesões vão minando sua capacidade de ter um volume muito grande de treinamento”, afirmou o atleta. Scheidt também deixou claro que a saudade dos filhos vinha sendo muito grande nos últimos tempos. “Tenho dois filhos em casa, quero passar mais tempo com eles. Toda vez que saio de casa, ouço aquela pergunta: ‘Quando você vai voltar?’. Então, são coisas que pesam.”
O velejador admitiu que a decisão de se afastar do evento onde conquistou suas maiores glórias foi bastante complicada, levando em consideração o resultado na Olimpíada do Rio de Janeiro, no ano passado. Ele terminou na quarta colocação e ficou sem medalha pela primeira vez nos Jogos.
“Queria continuar, dar sequência nisso. O instinto é sempre querer mais e mais. Mas tem um momento em que é preciso sentar, avaliar a vida e ver se a coisa está andando da forma que você quer”, comentou. “O quarto lugar deixa um gosto muito amargo na boca. É um bom resultado em Olimpíada, mas ninguém lembra, porque é quase uma medalha.” Desde 1996, em Atlanta, Robert Scheidt esteve presente em todos os Jogos, tendo conquistado medalhas em cinco dos seis que disputou. Foi ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004, prata em Sydney-2000 e Pequim-2008 e bronze em Londres-2012.
Até por esta longa história no esporte, Scheidt explicou que não se afastará de vez da vela e do esporte. “O que me levou a velejar quando garoto foi a sensação de liberdade que a vela dá, de dirigir o barco usado a força do vento. Então, isso eu vou continuar fazendo. A vida sem a vela, para mim, não faz muito sentido.”
(Com Estadão Conteúdo)