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Opinião: Cadê a alma encantadora das ruas?

O skate é modalidade jovem e muito bem-vinda aos Jogos - mas pode ter perdido a liberdade original

Por Fábio Altman, de Paris
Atualizado em 8 ago 2024, 08h34 - Publicado em 7 ago 2024, 12h59
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  • O cenário é de cair o queixo. De um lado o Museu do Louvre e o Jardim das Tulherias, agora decorado pela pira olímpica inspirada na aventura dos irmãos Montgolfière. Do outro, o imponente obelisco da Place de La Concorde e, lá no fim do horizonte, a Torre Eiffel. A pista de skate park da Olimpíada de Paris pousa no centro desse amplo cartão postal. É espetacular, sem dúvida – não por ela, mas pelo que há ao redor. A música sai das caixas de som a todo vapor. O sol das 17h00 é de virar a cabeça.

    A final do skate park tem oito atletas – três são brasileiros. A plateia grita animada. Não há dúvida: a ideia de introduzir modalidades urbanas para os Jogos Olímpicos funcionou, e de algum modo rejuvenescem a audiência. Bem-vindo, skate. Em Tóquio, com a pandemia, foi um show para a televisão. Em Paris, com público, ganhou cor. Na tarde desta quarta-feira, o nadador francês Léon Marchand, de 22 anos, divertia-se à beça. O onipresente Snoop Dogg e Gabriel Medina também deram as caras.

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    Onipresente em Paris, Snoop Dogg dá as caras na competição de skate (Luiza Moraes/COB)

    Mas, e sempre há um mas… tem-se a impressão de terem tirado do skate, atrelado à rigidez olímpica, o que ele tem de mais interessante:  a alma encantadora das ruas. É como se “gentrificassem” a cultura popular. Por óbvio, quem entende da modalidade – e não sou um deles – vê emoção e destreza nos movimentos. Mas tem algo dissonante.

    Desde os anos 1960, quando surgiu na Califórnia, o skate virou modo de vida, manifesto de jovens. Envolve um jeito de andar, determinado tipo de música, roupas sem regra.  Nasceu como sinônimo de liberdade e revolta de franjas da sociedade e assim queria permanecer – até ser engolido pelas Olimpíadas.

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    Gabriel Medina na competição de skate em Paris (Luiza Moraes/COB)

    O dinheiro circula, a visibilidade não para de crescer – mas aquela saudável ingenuidade pode ter ido ao chão. Logo antes da estreia, em Tóquio, o editor de uma respeitada revista americana de skate, a Jenkem Magazine, deu a deixa: “A comunidade do skate cresceu justamente porque andava na margem do mundo oficial, fora do que chamamos de mainstream. É um modo artístico e livre de ver o mundo e de expressar-se, e não há relação alguma dessa postura com uma olimpíada”.

    Parabéns aos campeões do skate park, salve o brasileiro Augusto Akio, o Japinha, medalha de bronze – e que bom poder tê-los logo mais no asfalto, sem cercas de proteção, nas periferias.

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