Uma das engrenagens que fazia a famosa “Laranja Mecânica” funcionar se quebrou. O meio-campista Johan Neeskens, estrela da vibrante seleção da Holanda nos anos 1970, morreu no domingo, 6. Ele tinha 73 anos. A informação foi divulgada nesta segunda, 7, pela federação holandesa de futebol (KNVB, na sigla em holandês), em suas redes sociais.
Neeskens estava na Argélia, onde participava de um projeto de treinamento. Nenhuma causa de morte foi anunciada. “Palavras não conseguem capturar a enormidade e a rapidez dessa perda”, disse a KNVB em uma declaração em seu site. “Nossos pensamentos estão com sua esposa Marlis, seus filhos, família e amigos.
Neeskens e outra estrela da seleção holandesa dos anos 1970, Johan Cruyff, foram figuras centrais em um período marcado pelo estilo de jogo revolucionário conhecido como “Futebol Total”. A abordagem tática, pioneira do técnico Rinus Michels, enfatizava o movimento fluido e a troca de posição entre os jogadores, permitindo que eles se adaptassem dinamicamente ao fluxo do jogo. Cruyff, frequentemente considerado um dos maiores jogadores da história do futebol, era a força criativa do time, usando suas habilidades técnicas e visão excepcionais para orquestrar ataques. Neeskens o complementou perfeitamente com sua presença robusta no meio-campo.
O atleta perdeu duas finais consecutivas de Copa do Mundo, em 1974, na Alemanha, e em 1978, na Argentina. Na primeira disputa, contra os anfitriões alemães, em Munique, ele abriu o placar convertendo um pênalti, mas testemunharia uma incrível virada — a contagem final seria de 2 a 1. “O futebol mais bonito nem sempre vence”, ele disse mais tarde, de acordo com a KNVB. “Mas é incrível para mim que as pessoas em todo o mundo ainda falem sobre o time holandês. O melhor e mais bonito futebol, o futebol total.”
Quatro anos depois, em Buenos Aires, Neeskens viu o o seu time perder o título mundial outra vez, caindo diante da anfitriã Argentina por 3 a 1, após a prorrogação. Ao todo, o meia jogou 49 partidas internacionais pela Holanda, incluindo 12 em Copas do Mundo, e marcou 17 gols. Ele conquistou a Taça Europeia, antecessora da Liga dos Campeões, três vezes como parte do Ajax, no início dos anos 1970, e jogou pelo Barcelona e depois pelo New York Cosmos, entre outros times.
Em uma reunião dos jogadores da final da Copa do Mundo de 1974, Neeskens explicou o que ele acreditava ser a chave para o sucesso de um time. “O coletivo, é disso que se trata”, ele disse de acordo com a KNVB. “Vocês precisam uns dos outros em campo. Vocês só podem se tornar campeões como um time. Existe apenas uma estrela e essa é o time.” Após sua carreira como jogador, Neeskens foi assistente técnico da Holanda e da Austrália.