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Momento Disney: a tocha ilumina Paris

Muvuca e política marcam o primeiro de dois dias de périplo da chama na cidade

Por Monica Weinberg, de Paris
Atualizado em 15 jul 2024, 14h19 - Publicado em 14 jul 2024, 17h55
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  • O passeio da tocha olímpica por Paris neste 14 de julho, a mais patriótica de todas as datas no calendário francês, teve de tudo um pouco para fazer a festa dos turistas e tentar deixar menos torcidos os narizes de parisienses que, desde o marco zero, não queriam saber dos Jogos lotando suas ruelas e bistrôs. Imagine agora, com um monte de detours e as estações de metrô que desembocam nas arenas todas fechadas. O mau-humor aí se eleva na medida da dor de cabeça. O próprio presidente do Comitê Organizador, Tony Estanguet, reconhece: “Uma das minhas grandes missões é mudar a perspectiva de quem vive aqui.”

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    O dia que pretendia baixar a guarda dos parisienses começou quase como todos os anos, com uma parada militar celebrando a derrubada da Bastilha em 1789, prisão que  simbolizava a monarquia absolutista dos Luíses. Só que, no lugar da Champs Elysées, de onde se avistavam acrobacias aéreas, a cerimônia com a presença do presidente Emmanuel Macron ocorreu, nesta atípica temporada, na Avenue Foch, próxima dali. Outro desvio olímpico.

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    Viu-se de tudo enquanto o público aguardava a largada da tocha, que seria na bloqueada Champs Elysées. Um Napoleão Bonaparte de mentirinha, com bicorne na cabeça e tudo, dizia que seu nome era aquele mesmo, Napoleão, e que a glória da França estava viva como nunca. Não houve consenso, como quase nunca há nesta terra em que discordar é esporte nacional. Mais inflamado, um sujeito cortava a multidão conclamando os cidadãos a lutar por uma nação melhor. Foi vago quanto aos caminhos para chegar lá, mas deu os contornos políticos do ar que paira hoje sobre Paris.

    NASCE UM CARTÃO-POSTAL

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    Quem desfilou primeiro com a tocha foi Thierry Henry, campeão do mundo de futebol pela França e atual técnico da seleção olímpica, que achou tudo “extraordinário”. Ela foi então passando de mão em mão e cartão-postal em cartão-postal: Notre-Dame, museu do Louvre, a própria Bastilha e a Sorbonne, a bela universidade, onde o atraso de 40 minutos em relação ao prometido no cronograma oficial, que muita gente trazia até impresso para não perder o percurso, deixou o povo impaciente. Abre porta, fecha porta, e nada da chama. Quando apareceu, a plateia deu uma apaziguada.

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    Nesta gincana, a Assembleia Nacional, que não costuma entrar no roteiro, despertou atenção especial. Talvez porque, numa bem sucedida jogada para entreter, os organizadores dos Jogos instalaram ali coloridas réplicas da Vênus de Milo (ver a original no Louvre), cada qual segurando um objeto que lembra uma modalidade. Mas o interesse tem ligações também com o fato de o prédio de fachada neoclássica estar a toda hora na TV e nas redes.

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    Depois das eleições legislativas que a extrema direita não venceu por um fio, Macron deixou em suspenso quem colocará no posto-chave de primeiro-ministro. Por ora, manteve o jovem aliado Gabriel Attal na cadeira e vem empurrando o enrosco mais para frente, para ganhar uns dias e articular.

    A Nova Frente Nacional Popular (NFP), uma reunião de partidos de esquerda, anda mergulhada em divergências (sem novidade aí), mas, como conquistou o maior quinhão de assentos, concorda num ponto: quer emplacar o primeiro-ministro. Qualquer coisa diferente disso, dizem, seria “tentativa de sequestro das instituições.” Esta é a batalha que tem como palco o interior da Assembleia que, neste domingo, viu seu exterior iluminado pela tocha.

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    O dia se encerra com fogos na Torre Eiffel (sem direito à festa no Champs de Mars, onde, ops, plantaram uma arena) e no Hôtel de Ville, a prefeitura comandada por Anne Hidalgo. Ela aposta que, na hora H, os parisienses vão saber aproveitar a farra esportiva como apreciam a arte de comer bem. Certo mesmo é que amanhã tem mais. O revezamento da tocha segue com as bailarinas do Moulin Rouge, papisas do cancan, e se encerra na Praça da República, que uns dias atrás inundou-se de gente que festejava o freio dado nas urnas à extrema direita. E assim, com emoção, caminha a maratona pré-olímpica.

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