Modric exalta Brasil, mas avisa: ‘Nem sempre os favoritos ganham’
Estrela da seleção croata retribuiu elogios do amigo Vinicius Junior, mas ressaltou que nas quartas de final "cada um luta por seu país"
DOHA – Luka Modric, o grande craque da seleção da Croácia e lenda do Real Madrid, está mais que acostumado com grandes decisões, mas nesta quinta-feira, 8, o meio-campista de 37 anos disse ser especial a oportunidade de enfrentar o Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo. O melhor jogador do último Mundial rasgou elogios à seleção brasileira, especialmente a seu colega Vinicius Junior, mas fez questão de ressaltar que os croatas acreditam em mais uma façanha.
“Foi um grande feito chegar às quartas de final, mas queremos mais. Sabemos que esta talvez seja a maior partida que nos aguarda no torneio, contra um dos favoritos. Temos de ser realistas, dar o máximo como demos em todos os jogos até agora, e assim teremos chances. Não estamos satisfeitos, definitivamente”, disse, em entrevista coletiva.
“Não lidamos com estatísticas, estamos focados em nós. É normal todo mundo dar mais chances ao Brasil, como todos os grandes times quando jogam contra nós, como Argentina, Brasil, Espanha. Mas já mostramos muitas vezes que nem sempre os favoritos ganham. Não nos preocupa nada, respeitamos todas as seleções, mas também acreditamos em nós e somos capazes de tudo”, completou.
Em seu quarto Mundial, Modric já saiu derrotado pelo Brasil em 2006 (quando era uma jovem promessa e reserva do time) e na abertura de 2014. “Joguei várias vezes com o Brasil, ainda não conseguimos vencê-los, espero que essa tradição mude. O Brasil tem jogadores fenomenais em todas as posições, são alguns dos melhores jogadores do mundo. Teremos que ser muito agressivos, correr na medida certa, não deixá-los jogar. Isso vai ser importante quando não temos a bola, somos agressivos, duros e não os deixamos escapar.”
O jogador eleito melhor do mundo em 2018 exaltou as seleções sul-americanas que seguem vivas na competição. “Brasil e Argentina são os melhores times do mundo, com muitos grandes jogadores do passado e do presente. Eu gosto de vê-los, é divertido jogar contra esses times. Temos uma dessas chances amanhã. Quando jogamos contra Argentina e Brasil, é um feriado de futebol, algo que todo jogador deseja, principalmente na Copa do Mundo. Desejo tudo de bom para essas equipes, são gigantes do futebol.”
Alertado por um jornalista brasileiro de que Vinicius Junior fez diversos elogios a ele no dia anterior, Modric retribuiu o carinho. “É bom saber, Vini é um menino muito legal, temos um ótimo relacionamento. Está jogando de forma incrível, melhorou muito desde que chegou ao Real Madrid, mostra isso no clube e na seleção. Amanhã temos uma tarefa difícil para detê-lo. Todos conhecem suas qualidades, mas se eu puder ajudar a dificultar o trabalho dele com algum detalhe, com certeza o farei. Estamos aqui lutando cada um por seu país.”
Aos 37 anos, ele evitou tratar este como seu último Mundial e brincou ao citar um tratamento realizado no início de carreira para ganhar peso e altura. “Não estou pensando no futuro, vamos ver até quando consigo jogar. Estou cem por cento focado no que está por vir. Haverá tempo para pensar no futuro. Infelizmente, não tenho uma tática de rejuvenescimento como tinha para o crescimento. Se você tiver, por favor entre em contato comigo”, divertiu-se.
Por fim, o jogador mais famoso de um país que revelou estrelas como Davor Suker e Zvonimir Boban, heróis da geração que chegou ao terceiro lugar em 1998, tentou explicar como uma nação tão pequena, de apenas 3,8 milhões de habitantes, consegue produzir tantos bons jogadores. “A Croácia é uma nação muito talentosa, não só no futebol. Estamos sempre produzindo talentos em todos os esportes. Não tenho uma explicação especial. Amamos esportes, assim nascem talentos. Funciona bem nas escolinhas de futebol onde se faz muito trabalho com as crianças, elas aprendem como e o que fazer. Simplesmente, somos uma nação talentosa”, disse Modric, cuja vocação nasceu de uma tragédia pessoal: o fato de ter sido um refugiado de guerra na infância.
Brasil e Croácia se enfrentam na sexta-feira 9, a partir das 12h (de Brasília), no Estádio Cidade da Educação, valendo vaga na semifinal.