Está marcado para a próxima quinta-feira, 7, o início do processo de licitação do Maracanã, que vai definir quem vai administrar o templo do futebol brasileiro pelos próximos 20 anos. Um dos postulantes é a Arena 360, empresa que hoje controla o Mané Garrincha, em Brasília, e planeja trazer para o Rio um projeto ambicioso: transformar o estádio e seu entorno em um complexo não só esportivo, mas voltado também para o mundo corporativo e do entretenimento.
Liderada pelo empresário paulista Richard Dubois, a Arena 360 já colocou em prática, em Brasília, boa parte do plano que pretende implementar no Rio. Construído para a Copa do Mundo, o Mané Garrincha não recebe grande volume de jogos de grande apelo ao longo do ano e passou a ser referência em outros setores, com salas comerciais que abrigam grandes empresas, praça com restaurantes e faturamento milionário. A ideia é reproduzir a o modelo no Maracanã, com adaptações à realidade carioca.
Nos planos, está uma praça de alimentação na área externa do Maracanã, que ficará aberta no dia a dia, e terá mais restrições em dias de jogo, além da construção de escritórios na estrutura do estádio, uma casa noturna no terreno próximo ao Parque Aquático Júlio Delamare e até um edifício garagem, o que ainda será avaliado. Também há a possibilidade de usar o Maracanãzinho para eventos, além de competições de basquete e vôlei, como já ocorre com menor frequência.
Projeto com 70 jogos por ano
Disputado pelos principais clubes do Rio, o estádio tem grande capacidade de público e hoje é administrado por um consórcio entre Flamengo e Fluminense, que mandam seus jogos ali e têm proposta voltada quase exclusivamente para o futebol. Até o fim de 2023, o Maracanã terá recebido 74 partidas oficiais no ano, uma média de quase um jogo a cada cinco dias.
Se vencer a licitação, a Arena 360 pretende restringir esse número de datas a 70 jogos, divididos prioritariamente entre Flamengo e Fluminense, mas com disponibilidade também para Vasco e Botafogo, se os clubes demonstrarem interesse. E com 10 dessas partidas reservadas para a Ferj, federação que controla o futebol fluminense e que poderá decidir que equipes usarão o local nessas datas. A ideia é também alugar o estádio por valores baixos, que cubram os custos, já que o plano da empresa é lucrar mais com outras atividades, que com o futebol. E ter um conselho de futebol, que ficará responsável por tomar essas decisões e resolver eventuais conflitos pelo uso do Maracanã.
O uso do estádio para shows e eventos também está previsto ao longo do ano, em meio às partidas. O tema foi alvo de polêmica nesta reta final do Campeonato Brasileiro, quando o Botafogo precisou mandar sua partida contra o Grêmio em São Januário, já que seu estádio, o Nilton Santos, estava ocupado para uma apresentação. O gramado do Maracanã, muito criticado em 2023, também gera preocupação, em meio a esse volume de compromissos no Maracanã. Mas Dubois garante que já alinhou uma operação para a troca constante do gramado, quando este estiver em condições ruins. E que é possível ter outras atividades ali sem afetar a grama, que pode ser retirada e recolocada posteriormente. Questionado sobre a possibilidade de usar grama sintética, como é feito no Engenhão, o presidente da Arena 360 disse que isso “não agrada no momento”.