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Danilo supera desconfiança e é o líder ‘pacificador’ da seleção

Defensor de 31 anos é um dos atletas mais respeitados internamente e, com segurança e versatilidade, tornou-se peça fundamental no time de Tite

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 dez 2022, 05h00

DOHA – “De Bicas para o mundo”, dizia a mensagem na camisa dos familiares de Danilo Luiz da Silva, o filho mais ilustre da cidade mineira de pouco mais de 13.000 habitantes. Entre uma selfie e outra nos arredores do estádio 974, antes da goleada sobre a Coreia do Sul, eles esbanjavam alegria e orgulho com o retorno do lateral à seleção brasileira na Copa do Mundo. Esta turma é quem faz brotar o alto astral do atleta que, aos 31 anos, se consolidou como um dos líderes mais respeitados do time que nesta sexta-feira, 9, encara a Croácia pelas quartas de final. As contestações de boa parte da torcida parecem ter ficado para trás tanto por suas atuações, sempre seguras, quanto por sua postura.

Danilo foge do padrão dos boleiros, sobretudo pela clareza com que se porta, em campo e diante dos microfones. Lateral direito de origem formado no América Mineiro, ele atuará diante da Croácia novamente do lado esquerdo, para substituir os lesionados Alex Telles, já cortado, e Alex Sandro, em recuperação. Mas ai de quem falar em improvisação ou quebra de galho. Danilo é o atleta mais versátil da equipe, pode jogar nas duas alas e até de zagueiro, o que já tem feito na Juventus. “Jogar na direita, esquerda ou centro, para mim é algo natural e indiferente. Acho que nos próximos anos serei zagueiro, que é onde tenho desfrutado mais”, disse em entrevista coletiva na véspera. Tite, a seu lado, sorria orgulhoso. 

Parece óbvio e é: ninguém ergueria tantos troféus na carreira, por clubes do quilate de Santos, Porto, Real Madrid, Manchester City e Juventus se não tivesse imensas virtudes. Para Danilo, no entanto, não foi fácil ganhar o respaldo popular, sobretudo pelo fato de suas características mais defensivas destoarem das de históricos antecessores, como Cafu e Jorginho. O caminho para redenção está perto do fim — faltam três jogos para o tão sonhado hexa —, mas seja qual for o resultado, ele sente que o respeito, com o qual sempre contou internamente, já começa a ecoar nas arquibancadas.

“Eu entendia a cobrança, esse gosto do brasileiro por laterais extremamente ofensivos. Mas com o passar dos anos me adaptei ao futebol de diferentes maneiras, diferentes escolas e treinadores, e funcionou. Com seleção demorou um pouco mais, mas eu costumo falar sobre ‘inteligência cristalizada’, a capacidade de focar no que realmente importa no momento. Claro que é importante ter o reconhecimento e o afeto do torcedor, nós trabalhamos para isso. Mas durante a minha carreira tive que escolher entre focar nas críticas ou no meu desenvolvimento como jogador”, disse, com a sabedoria adquirida pela leitura de livros sobre psicologia esportiva. 

Um dos aspectos que mais diferencia Danilo de outras lideranças da equipe é a sua diplomacia. Enquanto Neymar e Thiago Silva, por exemplo, volta e meia alimentam polêmicas desnecessárias, se dizendo perseguidos por adversários e jornalistas, o lateral é um pacificador nato. Na Juventus, seu dom da conciliação foi fundamental durante a passagem de Cristiano Ronaldo, a quem já conhecia dos tempos de Real Madrid, pois ele era um dos poucos a quem o português escutava.

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Na última quinta, 8, Danilo foi surpreendido com a iniciativa do repórter Fernando Fernandes, da Band, que depois de fazer uma pergunta salientou que, ao contrário do que muitos jogadores pensam, atiçados por bajuladores, a imprensa brasileira não torce contra a seleção, pelo contrário, apenas faz seu trabalho, que pressupõe senso crítico. Danilo, então, ergueu a bandeira branca. “Acho importante o seu depoimento. É uma tecla que toco há algum tempo, mesmo sendo um dos que mais apanharam neste processo (risos). Deveria existir uma maior alquimia e união entre todas as partes que englobam a seleção, inclusive imprensa e torcida.”

Danilo já havia adotado um discurso de comunhão em um dos momentos mais difíceis do ciclo, a derrota na final da Copa América, diante da Argentina, no Maracanã. Em uma longa carta no Instagram, ele se disse contra a realização do torneio no Brasil em plena pandemia, cobrou capacitação tanto de jornalistas quanto de atletas e propôs uma reaproximação com os torcedores.

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“Como atleta profissional, representante dessa classe, entendo que é necessário cada vez mais demonstrarmos aquilo que somos, ‘gente da gente‘ , encurtar as distâncias e assumir as responsabilidades, não só profissionais, mas também sociais, de nossa profissão. Estando tão expostos, nos resta sermos menos reativos, mais compreensivos e aliados de quem tanto nos prestigia, O POVO. É necessário termos clareza nos discursos dentro e fora de campo, assim fazendo dessa relação tríade (torcedor, imprensa e atletas) mais saudável e benéfica”, diz um dos trechos.

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Um dos temas mais caros a Danilo é a questão da saúde mental dos atletas, um problema evidenciado cada vez mais por casos de burnout e depressão no esporte. No início deste ano, o jogador da Juventus criou um projeto chamado Voz Futura, no qual promove debates e passa mensagens de sobre diversidade, igualdade de gênero e diversas outras pautas sociais.

Danilo costuma usar a palavra “resiliência” e pratica aquilo que prega. Na última Copa, na Rússia, ele ficou de fora depois de sofrer uma lesão na estreia. No Catar, repetiu a dose ao machucar o tornozelo diante da Sérvia. Na ocasião, apesar da tristeza, ele chegou a brincar com os repórteres. “Fui inventar de ir ao ataque e acabei prendendo o pé”, disse, para depois garantir que voltaria. Ele está de volta e é peça cada vez mais importante na equipe, que encara a Croácia a partir das 12h (de Brasília), no Estádio Cidade da Educação.

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