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Charles, Pelé e William: o que os reis têm a ver com volta de Gales à Copa

Em sua única participação, seleção galesa foi derrotada com gol do rei em 1958. Hoje o time de Bale encara os EUA, sem tanta torcida da coroa britânica

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 nov 2022, 09h21 - Publicado em 21 nov 2022, 06h53

DOHA – A euforia pela retorno do País de Gales à Copa do Mundo se faz sentir na capital do Catar. Parte considerável dos 3,1 milhões de habitantes do país que integra o Reino Unido viajou ao Oriente Médio para assistir a volta da seleção a um Mundial depois de longos 64 anos. O ano de 1958 foi mesmo especial para os galeses. Em julho, Charles que neste ano recebeu o título de rei Carlos III depois da morte da mãe, a rainha Elizabeth II  foi nomeado Príncipe de Gales, com apenas nove anos de idade. Um mês antes, coube a um brasileiro de 17 a façanha de chegar ao trono da bola: o rei Pelé, cujo primeiro gol em Copas foi marcado justamente diante dos britânicos, na campanha do título na Suécia.

O garoto de Três Corações (MG), já uma revelação do Santos, começara a Copa na reserva. Precisando vencer a União Soviética na terceira partida, o técnico Vicente Feola, então, decidiu apostar em Pelé, que contribuiu com uma assistência e belas jogadas na vitória por 2 a 0. Nas quartas, o adversário era a estreante equipe de Gales, que havia empatado três jogos na primeira fase (1 a 1 com Hungria e México e 0 a 0 com a Suécia) e havia vencido o jogo de desempate diante dos húngaros por 1 a 0. Era, portanto, um time econômico, bem fechado, e assim se manteve naquele 19 de junho de 1958, no estádio Nya Ullevi Stadion, em Gotemburgo.

Pelé marcou o gol da vitória aos 28 do segundo tempo, após receber passe de Didi e, com três toques geniais, dominar no peito, cortar o zagueiro e tocar para as redes. Os fotógrafos invadiram o campo pare registrar a cena histórica. Parecia um ensaio de um dos gols que Pelé faria na decisão, diante da Suécia, ao chapelar um defensor antes de bater de primeira. Na semi, mais três gols diante da França do astro Just Fontaine. Ali nascia o rei do futebol, único jogador a ter vencido três Copas do Mundo….entre tantos outros feitos.

Com Bale em campo, sem William na torcida

No dia do ‘nascimento’ de Pelé, começava o calvário da seleção galesa. Durante as décadas de 1990 e 2000, Ryan Giggs, lenda do Manchester United, falhou em sua missão de liderar o time rumo a um novo Mundial. A volta só viria sob a batuta de outro craque canhoto, Gareth Bale, cinco vezes campeão da Champions League pelo Real Madrid, atualmente no Los Angeles FC, dos EUA, aos 33 anos.  Antes, o time já havia brilhado nas Euros de 2016 (foi semifinalista) e 2020 (caiu nas oitavas de final). A consagração mesmo, porém, veio com os triunfos sobre Áustria e Ucrânia na repescagem europeia para o Mundial do Catar.

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“Estou exatamente onde quero estar. É uma sensação espetacular. Quando criança, sonhava em ver o País de Gales em uma Copa do Mundo”, contou Bale na entrevista da véspera do duelo desta segunda-feira, a partir das 16h (de Brasília), diante dos Estados Unidos, no estádio Ahmad bin Ali. 

Gareth Bale, o ídolo do futebol galês
Gareth Bale, o ídolo do futebol galês (/FIFA/Divulgação)

“Assistir à Copa sempre foi um pouco decepcionante para mim porque não via o País de Gales jogar. Fazer parte disso é incrível, todo mundo sonhava com isso há muito tempo. Isso serve para inspirar mais crianças em nosso país a jogar futebol e, quem sabe, no futuro termos mais uma grande geração classificada”, completou. 

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Gales terá o talento de Bale em campo e uma fervorosa torcida fora, mas não conta com tanto apoio assim da coroa britânica. O atual Príncipe de Gales, Willliam, foi bastante criticado depois de visitar apenas a seleção inglesa para oferecer seu apoio e de ter dito que não irá ao Mundial do Catar devido a outros compromissos.

“Nem um pingo de constrangimento? Ou sensibilidade sobe o problema aqui?” tuitou o famoso ator galês Michael Sheen sobre o ocorrido. William tentou se explicar, mas a emenda saiu pior que o soneto. “Ao crescer, sempre torci pela Inglaterra no futebol e por Gales no rúgbi. Como Gales não classificava para muitos torneios, tive que fazer uma escolha.” Diante da gritaria na ilha, voltou atrás e disse que torceria para ambos no Catar.

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