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Brasil aposta tudo em Neymar contra Coreia, que ‘não tem nada a perder’

Abalado por derrota contra Camarões, Tite não quis saber de preservar o seu principal jogador no duelo das oitavas, às 16h (de Brasília), no Estádio 974

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 dez 2022, 06h50

DOHA – A primeira pergunta nem era direcionada a ele, mas ao capitão Thiago Silva, porém Tite fez questão de responder de bate-pronto sobre a possibilidade de Neymar retornar à seleção brasileira diante da Coreia do Sul: “SIM!”, exclamou e sorriu o treinador, que depois, na sua vez, detalhou a decisão. “O Neymar vai treinar e em treinando (bem), estará no jogo, sim.” O principal astro da equipe sofrera na estreia, dia 24 de novembro, contra a Suíça, uma complicada lesão no tornozelo que o ameaçou até de deixar a Copa do Mundo do Catar. Mas depois de dez dias de tratamento intensivo “dormindo na fisioterapia”, na palavra dos colegas — se diz apto a atuar. O inédito duelo contra a seleção asiática, que diz “não ter nada a perder”, começa às 16h (de Brasília), no estádio 974, pelas oitavas de final.

Tite, que não vinha dando pistas sobre escalação em nenhuma partida, surpreendeu ao praticamente confirmar que Neymar começará jogando. “Eu prefiro a utilização do meu melhor desde início e o técnico tem que assumir suas responsabilidades. Os outros 10 eu não escalo”, disse, tentando quebrar o gelo, mas a tensão era evidente. O treinador gaúcho de 61 anos sabe que está arriscando seu principal jogador diante de um adversário, em tese, amplamente inferior. Mas não quer correr riscos depois da derrota para Camarões, a primeira da história contra uma seleção africana, que fechou a primeira fase. Desde então, uma onda de negatividade pareceu sobrevoar a seleção, com os cortes de Gabriel Jesus e Alex Telles, e as notícias sobre o grave estado de saúde de Pelé, a quem Tite dedicou palavras de conforto.

Neymar, observado pelo auxiliar Matheus Bachi: craque está de volta ao time
Neymar, observado pelo auxiliar Matheus Bachi: craque está de volta ao time (-Lucas Figueiredo/CBF)

Talvez melhor até do que a notícia do retorno de Neymar, que apesar de fazer muita falta, tem jogadores do ramo para substitui-lo, seja a de Danilo, que também lutava contra uma lesão no tornozelo desde a estreia. O jogador da Juventus se recuperou e deve atuar na lateral-esquerda, que está abandonada já que Alex Telles foi cortado e Alex Sandro ainda se recupera de uma moléstia no quadril. Eder Militão deve ocupar a direita, mas tem a concorrência de Daniel Alves, um dos poucos a agradar diante de Camarões.

Para além da disparidade técnica, o Brasil conta com uma vantagem física nesta tarde: por ter poupado todos os titulares na terceira rodada, o Brasil terá um time três dias mais descansado que a Coreia, que deixou até a última gota de suor para bater Portugal e tirar a vaga do Uruguai nesta fase. “Foi um risco que valeu a pena correr, para estar fisicamente bem”, disse Thiago Silva, que relembrou o último encontro entre as seleções, uma goleada brasileira por 5 a 1, em Seul, em junho deste ano. “Não podemos pensar que o jogo vai ser fácil, com um resultado elástico como no amistoso. A Coreia passou em um grupo muito difícil, tem jogadores de qualidade e todo o nosso respeito.” Em Copas do Mundo, Brasil e Coreia jamais se enfrentaram.

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Para além de Son e Paulo Bento

A seleção sul-coreana que tem como melhor campanha o quarto lugar em 2002, na qual dividiu com o Japão a sede do último torneio vencido pelo Brasil, chega animadíssima às oitavas de final. A estrela maior é, sem dúvidas, Heung-min Son, do Tottenham, artilheiro da última Premier League, um ídolo nacional e possivelmente o melhor e mais habilidoso jogador asiático em todos os tempos. “O ‘Sonny’ é um grande jogador, sabemos da sua qualidade, tenho o prazer de jogar com ele no clube. A Coreia é uma equipe agressiva, forte”, precaveu-se Richarlison, depois da última derrota.

O time, porém, tem outros destaques além de seu craque mascarado (Son vem atuando com uma máscara, pois se recupera de um problema de visão que quase o tirou da Copa). O camisa 9Gue-sung Cho vem se destacando por seu faro de gol e também pela fama de galã que ganhou durante o Mundial. “Desculpe, em termos de nomes é difícil. Mas tem grandes jogadores, como 10, o 6 e o que fez o gol contra Portugal”, disse Thiago Silva citando, respectivamente, Jae-sung Lee, meia do Mainz, In-Beom Hwang, do Olympiacos, e Hee-Chan Hwang, do Wolverhampton.  O zagueiro Min-Jae Kim, destaque do Napoli, foi poupado contra Portugal, mas deve voltar ao time. 

Cho Gue-sung comemora um dos gols diante de Senegal -
Cho Gue-sung comemora um dos gols diante de Senegal – (Jung Yeon-je/AFP)
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O técnico é um velho conhecido dos brasileiros, o português Paulo Bento, de passagem inglória pelo Cruzeiro em 2016. Ele fez questão de reclamar dos poucos dias de descanso (Brasil e Coreia jogaram dia 2, mas a seleção brasileira pôde poupar seus titulares, pois estava classificada). “É algo inumano, mas é algo que a Fifa pretende, criar menos condições para quem já tem menos condições. Já é difícil competir com o Brasil, que é o candidato mais forte, não único, mais o mais forte a ganhar o título, e com esse constrangimentos, fica mais difícil ainda.”

Bento disse que seria hipócrita se dissesse que será mais fácil enfrentar o rival com o retorno de Neymar, mas se disse contente pela saúde do atleta. Por fim, jogou toda a pressão para o lado dos pentacampeões. “O Brasil tem grandes possibilidades, nós menos, mas num jogo só temos mais chances do que num campeonato (de pontos corridos). Não temos nada a perder, só a ganhar. Queremos deixar a imagem de uma equipe que quer jogar e competir até o fim.”

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Prováveis escalações

Brasil: Alisson, Éder Militão (Daniel Alves), Marquinhos, Thiago Silva e Danilo; Casemiro e Lucas Paquetá; Raphinha, Richarlison, Neymar e Vinicius Junior

Coreia do Sul: Seung-Gyu Kim, Moon-Hwan Kim, Min-Jae Kim, Young-Gwon Kim e Jin-Su Kim; In-Beom Hwang e Woo-Young Jung; Hee-Chan Hwang, Kang-In Lee e Heung-Min Son; Gue-Sung Cho.

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