Ele tem uma postura rígida e exige sempre o máximo de seus alunos. É perfeccionista e, por isso mesmo, muito atencioso. Tem seu lado durão, mas sempre sabe o que dizer para motivar. Além disso, é um ótimo ouvinte, e graças à sua inteligência – uma das mais avançadas do mundo – consegue dar atenção exclusiva a cada um de seus pupilos, prestando atenção em suas necessidades e limitações. Seus 18 milhões de alunos ao redor do mundo (1,5 milhão só no Brasil) o chamam simplesmente de “Coach”.
“Se ele tivesse uma voz humana, seria algo entre Morgan Freeman e Dwayne ‘The Rock’ Johnson”, diz Philipp Hagspiel, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Freeletics, empresa alemã responsável pela atualização do Coach. O treinador virtual, disponível para os usuários premium do aplicativo Freeletics Bodyweight, se comunica por meio de mensagens inspiradoras e instrutivas, tal qual o guru das palestras motivacionais Anthony Robbins. Sua capacidade de aprender com o feedback do usuário e criar programas de treinamento físico personalizado é um dos segredos do sucesso do aplicativo, que domina a lista dos mais baixados nas categorias de saúde e fitness das lojas virtuais há meses.
O Freeletics Bodyweight funciona como um guia para exercício físico que pode ser feito em qualquer lugar, mesmo se o tempo for apertado. Ao baixá-lo, o usuário informa seu sexo e seu objetivo (perder peso, adquirir condicionamento físico ou ganhar músculos). Se quiser, pode completar o cadastro com outras informações como lugar em que vive, redes sociais das quais participa e até uma mensagem pessoal de motivação. O aplicativo, então, fornece programas semanais de exercícios – todos vêm com vídeos que ensinam como executá-los bem. À medida que avança, o usuário ganha pontos como em um videogame e marca presença numa rede social interna mundial baseada em troca de mensagens e “clap-claps”, um tipo de “like” que serve para reconhecer o bom trabalho de um outro usuário. Na versão paga, que pode custar menos de 15 reais por mês (o valor depende do tempo da assinatura), o Coach garante programas de treino exclusivo, com exercícios focados na vontade e nas possibilidades físicas do usuário. “Parece que ele sabe tudo sobre nós”, diz a psicóloga Ana Agostini, que treina há dois anos com o auxílio do aplicativo.
E sabe mesmo. O sistema de machine learning do Coach foi desenvolvido por um time multidisciplinar que recorreu a pesquisas de última linha no campo da psicologia para estabelecer padrões de comportamento. Se o usuário for realista na hora de delimitar seus objetivos e verdadeiro ao dar feedbacks sobre seus resultados, o Coach estará pronto para fazer sua parte. “Com base em um sistema de probabilidades, conseguimos ter uma boa noção de como o usuário vai reagir diante das instruções do Coach”, explica Hagspiel.
O Coach está em constante desenvolvimento. Antes de sua atualização mais recente, no começo de 2017, ele costumava ser ainda mais rigoroso e exigente nos treinos. Sobreviver às primeiras semanas sem desistir do aplicativo era um desafio para poucos. Mas Hagspiel explica que treinar mais pesado nem sempre significa treinar melhor. Agora, o Coach pega mais leve com os novos usuários, até que eles se acostumem com a rotina e informem ao aplicativo qual é o ritmo mais adequado. Usuários veteranos também sentiram a diferença, já que o aplicativo incluiu novos exercícios e a relação com o Coach ficou ainda mais próxima. “Parece que você está conversando com o seu personal trainer. Se você está com dor na perna ou no braço, ele evita passar exercícios focados naqueles músculos”, diz a estudante de engenharia Luma Navas, que há dois anos conta com a ajuda do Coach em seus treinos.
14 milhões no mundo
1,5 milhão no Brasil
Cerca de 70% dos usuários são homens, 30% mulheres.