Como é o cotidiano do hospital eleito pelos médicos como modelo no tratamento psiquiátrico no Brasil, o Instituto Bairral
HÁ VINTE ANOS O BRASIL VIVE UMA MUDANÇA COLOSSAL NO TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO. De um lado, o impacto da ciência. O salto na qualidade dos medicamentos fez com que homens e mulheres, antes praticamente incapacitados pelos sintomas de doenças mentais graves, passassem a ter uma vida relativamente comum. Em outro aspecto, houve uma forte influência ideológica. Graças a uma corrente nascida na Itália, que condena a hospitalização desse tipo de paciente, o Brasil perdeu nesse mesmo período, cerca de 80% dos leitos psiquiátricos. Acima de qualquer questão, VEJA ouviu treze psiquiatras para identificar o centro médico de excelência atualmente em atividade. O Instituto Bairral, uma hospital filantrópico localizado em Itapira, a 170 quilômetros de São Paulo, foi unanimidade. A reportagem a seguir mostra o perfil dessa instituição e como ela é capaz de revelar a natureza do doente mental – tão intensamente grandiosa e exígua ao mesmo tempo.
Roberto Santos sofre de esquizofrenia crônica. A doença não responde a medicamentos. Semanalmente, tem de se submeter a sessões de eletroconvulsoterapia (ECT), conhecido como eletrochoque. O tratamento, ainda tão estigmatizado, funciona como cartão de visita da excelência do bom funcionamento do Instituto Bairral. Aplicado dentro de protocolos rigorosos, salva vidas produzindo uma reordenação do sistema cerebral.
Os esquizofrênicos ocupam hoje 30% dos mil leitos do Instituto Bairral. Parte deles vive em uma residência terapêutica, assistida pelo hospital. Nelas vivem no máximo oito pessoas. Miguel Martins dos Santos é um deles. “Sofro de macumba elétrica. Sou vítima. Desde jovem meus vizinhos me torturavam. Eles apertavam o botão de uma máquina elétrica e jogavam eletricidade no meu corpo.”. Conheça sua história no vídeo a seguir.
O Instituto Bairral muito pouco lembra um hospital, ainda mais psiquiátrico. As unidades são espalhadas por um terreno de 400 mil metros quadrados, sendo 35% dele tomado por árvores frondosas. Há quadras de tênis, futebol e piscinas. É permitido fumar – um maço por dia, no máximo. Veja o cotidiano do hospital e histórias de superação, como a de Taynara, borderline: “Pedi para ser internada. Minha família não queria, achava que era exagero meu. Eu bem sei que não. Eu me descontrolava com facilidade.”
SAIBA MAIS SOBRE O HOSPITAL, TRATAMENTOS E HISTÓRIAS DE PACIENTES COM AS FOTOS ABAIXO:
Fotos e vídeos: Egberto Nogueira/Ímã Foto Galeria