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Bollywood, fake news, 29 línguas na maior eleição do mundo

Atualizado em 23 Maio 2019, 12h23 - Publicado em
22 Maio 2019
16h12

As bênçãos de Shiva

O hinduísta Narendra Modi foi reeleito, segundo os primeiros resultados da apuração divulgados

O primeiro-ministro Narendra Modi: meditação no Himalaia e oferendas a Shiva no final das eleições
O primeiro-ministro Narendra Modi: meditação no Himalaia e oferendas a Shiva no final das eleições (Narendra Modi/Facebook)

Por Florência Costa, de Nova Délhi

Sentado com as pernas cruzadas na famosa posição de lotus, olhos fechados, coberto com um xale laranja, a cor do desapego para os hinduístas, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, 68 anos, passou a noite do sábado 18 meditando na caverna sagrada de Kedarnath, nos Himalaias, a quase 4.000 metros de altitude.

A caverna fica a 1 quilômetro de um templo em homenagem a Shiva, a divindade hindu que simboliza a destruição e um novo começo. Como é habitual no hinduísmo, o primeiro-ministro fez suas oferendas ao deus – leite, mel, manteiga clarificada e iogurte – para destruir os seus obstáculos.

No dia seguinte, o maior expoente da direita nacionalista religiosa indiana recebeu sinais de que suas preces foram ouvidas. Modi é o terceiro político indiano a conquistar um segundo mandato, depois de Jawaharlal Nehru, que assumiu logo depois da independência da Índia, e de Indira Gandhi, filha de Nehru e avó de principal rival nestas eleições, Rahul Ghandi.

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O Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata ou BJP), de Modi garantiu 300 cadeiras no Parlamento indiano, ultrapassando facilmente o mínimo de 272 assentos para compor a maioria. O Partido do Congresso, maior oponente do BJP, não conseguiu nem mesmo eleger seu presidente, Rahul Gandhi, que perdeu no distrito de Amethi para a atual ministra dos Tecidos, Smriti Irani, uma ex-modelo e atriz que tornou-se uma das principais colaboradoras de Modi.

“O povo elegeu Modi primeiro-ministro, e eu respeito isso”, declarou Gandhi, ao reconhecer sua derrota.

A vitória de Modi era esperada desde o último final de semana, quando foram divulgadas as  primeiras pesquisas de boca de urna. Motoristas de riquixás – considerados termômetros da opinião popular – dançaram e beberam, felizes com os resultados. Dilip, que ganha a vida dirigindo um riquixá-bicicleta em Defence Colony, bairro rico da capital indiana, estava entre eles.

“Gosto do Modi porque ele trouxe eletricidade para os vilarejos do meu estado, fez estradas e construiu banheiros. Isso nunca aconteceu antes. Os outros partidos não tem planos para pessoas como eu”, disse Dilip, nascido em um dos estados mais pobres da Índia, Bihar.

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Índia para os hindus

Estudantes tomam banho sagrado no mês hindu de Magh, em Ahmedabad, na Índia – 01/01/2018
Estudantes tomam banho sagrado no mês hindu de Magh, em Ahmedabad, na Índia – 01/01/2018 (Amit Dave/Reuters)

Ao meditar na caverna dos Himalaias, Modi jogou com o simbolismo da religião de 80% dos indianos: o hinduísmo.  O BJP de Modi reza pela cartilha da chamada Hindutva, ideologia que procura estabelecer a hegemonia dos hindus e do modo de vida hindu em uma Índia plural. O primeiro-ministro é uma liderança da direita populista e sabe cultivar sua imagem de homem forte e, ao mesmo tempo, de defensor dos pobres e das pessoas de castas baixas.

Modi escolheu Varanas,  a cidade mais sagrada para os hindus, na beira do Rio Ganges, como seu distrito eleitoral. Cada um dos integrantes do parlamento representa uma área geográfica.  É por Varanasi, uma Jerusalém na imaginação dos hindus mais pios, que ele disputa uma vaga no parlamento.

A mitologia conta que foi em Varanasi que o sábio Vyasa ditou o épico Mahabharata para o deus Ganesha, aquele com cabeça de elefante e corpo de menino, o grande destruidor de obstáculos do panteão das divindades hindus.

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Esta foi uma das disputas mais ácidas dos últimos tempos. Rahul Gandhi, presidente do Partido do Congresso, principal rival do BJP de Modi, chamou o primeiro-ministro de “Chor” (ladrão) e Modi retrucou dizendo que o pai de Rahul, o ex-primeiro-ministro Rajiv Gandhi, assassinado em um atentado terrorista em 1991, foi o “corrupto número 1” da Índia.

Os adversários de Modi  o acusam de dividir a Índia, de ser autoritário, de ameaçar a independência das instituições e de atacar intelectuais e universidade. Também acreditam que ele acalente planos para consolidar uma nação hindu com pouca tolerância com  as minorias e para os que não seguem a cartilha do hinduísmo militante. Nos últimos cinco anos, por exemplo, ocorreram vários casos de linchamento de muçulmanos e indianos de casta baixa por terem comido carne de vaca, animal sagrado para os hindus.

Com o uso indiscriminado das mídias sociais como arma de ataques violentos pelos líderes partidários que disputam o poder deste emergente asiático, a eleição indiana parece ter reeditado a versão do século 21 da sangrenta guerra entre primos contada no milenar épico Mahabharata: os Kauravas e os Pandavas, que disputavam o poder. No final, os Pandavas venceram.

A guerra eleitoral chegou até o líder pacifista Mahatma Gandhi (1868-1948). O “Pai da Nação” foi morto a tiros por Nathuram Godse, integrante de um movimento extremista hindu que mantém laços com o BJP de Modi, o Rashtriya Swayamsewak Sangh (RSS). Os radicais hindus rejeitam as ideias e o exemplo de Ghandi, que defendeu o direito de todas as minorias religiosas, como a dos muçulmanos, em uma Índia secular.

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Radical hindi, Pragya Singh Thakur, candidata a deputada pelo BJP, chamou o assassino de Gandhi de “patriota”. Ela é uma Sadhvi, ou seja, é considerada uma mulher santa do hinduísmo. No passado, porém, foi acusada de envolvimento em atentados terroristas contra alvos muçulmanos.

Na terra onde nasceu o conceito de Ahimsa – a não-violência radical praticada por Mahatma Gandhi -, o histórico de violência política é longo. A mistura de política com religião na Índia sempre foi explosiva.

Flor de lotus versus palma da mão

Eleitora segura sua filha depois de votar em Neemrana, no estado indiano de Rajasthan – 06/05/2019
Eleitora segura sua filha depois de votar em Neemrana, no estado indiano de Rajasthan – 06/05/2019 (Manish Swarup/AP)

Esta foi a 17ª eleição geral da história da Índia, o segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes. Os indianos escolheram 543 dos 545 integrantes da Lok Sabha, a Câmara dos Deputados, e, com isso, definiram o líder que governará o país até 2024. O partido que tiver a maioria das cadeiras do parlamento, indicará o primeiro-ministro. Se nenhuma legenda conseguir esse feito, uma coalizão de partidos nomeará o novo governante.

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A eleição começou no dia 11 de abril e terminou no domingo 19. O resultado oficial será anunciado nesta quinta, 23 de maio.  O equivalente a um oitavo da humanidade – 879 milhões de pessoas – estavam aptos a votar. Embora não obrigados a ir às urnas, o comparecimento atingiu entre 65 e 70%, o que demonstra a fé dos indianos na sua gigantesca democracia.

Os números da eleição foram gigantesco. O processo envolveu 1 milhão de postos de votação e 11 milhões de funcionários públicos. A Comissão Eleitoral chega a usar até elefantes, camelos, burros, carros de boi, barcos, helicópteros para levar as urnas aos lugares mais inóspitos.

Os indianos votaram em urnas eletrônicas, das quais retiram o comprovante impresso de seu voto. Em um país com 266 milhões de analfabetos, a  tela da urna eletrônica exibiu, ao lado dos nomes dos candidatos à Lok Sabha, os dos seus partidos com seus símbolos.

A flor de lotus, símbolo sagrado no Hinduísmo, representou o BJP de Modi. A palma da mão simbolizou o Partido do Congresso. Um elefante azul foi o ícone do Bahujan Samaj, Partido da Maioria do Povo, que representa os Dalits, a categoria mais oprimida do sistema de castas da Índia e considerada intocável.

Depois de votar, o eleitor teve seu dedo indicador pincelado de tinta para evitar que votesse uma segunda vez.

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A praga das "fake news"

Maior eleição do mundo é inundada de notícias falsas pelas redes sociais

Ursula Andress em cena do filme ‘James Bond: Dr. No’, de 1962: posts diziam tratar-se da política Sonia Ghandi, mãe do candidato de oposição, Rahul Gandhi.
Ursula Andress em cena do filme ‘James Bond: Dr. No’, de 1962: posts diziam tratar-se da política Sonia Ghandi, mãe do candidato de oposição, Rahul Gandhi. (United Artist/Getty Images)

Por Florência Costa, de Nova Délhi

A internet foi o campo de batalha na Índia nos 38 dias de eleição de 543 dos 545 integrantes da Lok Sabha, a Câmara dos Deputados. Enxurradas de notícias falsas tornaram parcelas significativas dos seus 873 milhões de eleitores – seis vezes mais do que o total de brasileiros com direito ao voto – vulneráveis a confusões nesse processo, que resultou na recondução do primeiro-ministro Narendra Modi, um populista defensor da Índia para os hindus, como chefe de governo nos próximos cinco anos.

Alvo favorito das fake news, o candidato de oposição Rahul Ghandi, do Partido do Congresso, teve sua família brâmane acusada de conversão ao islamismo – um anátema entre os hinduístas – e viu sua mãe, a italiana Sonia, envolvida em grosseiras confusões. Uma foto espalhada nas redes sociais provocou escândalo nesse país onde as mulheres hindus não descobrem os ombros. Mostrava uma moça de biquíni e a identificava como Sonia Ghandi, ex-presidente da mesma legenda.

A garota, na verdade, era a atriz sueca Ursula Andress, a primeira “Bond Girl” da série de filmes de James Bond e protagonista favorita do diretor Ingmar Bergman.

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Em uma tentativa de multiplicar a fortuna já robusta da família Nehru-Gandhi, da qual Rahul descende, a notícia de que Sonia era mais rica do que a rainha Elisabeth II se espalhou feito rastilho de pólvora. Em revide, o próprio Rahul Gandhi disseminou uma novidade pelo Twitter: a de que o Dicionário Oxford introduzira o termo “modilies”. Em português, Modi mente. Mas o tiro saiu pela culatra, e o oposicionista foi desmentido pelos editores da publicação.

As eleições na Índia são tradicionalmente complicadas sem artifícios virtuais. Há milhares de candidatos e centenas de partidos vinculados não apenas a convicções políticas, mas a diferentes religiões, línguas, castas e subcastas em um território de dimensões continentais. Cada um dos 29 estados do país tem seu próprio idioma, além de dialetos, e suas minorias religiosas. Em uma mesma distância entre Rio Branco (AC) e Porto Alegre (OS), pessoas falam línguas são tão diferentes entre si quando o chinês do português.

Nesse contexto, Pratik Sinha, co-fundador e editor do Alt-News, o maior website indiano de checagem de fatos e de denúncia de notícias falsas, explicou a VEJA que as fake news têm sido usadas, em especial, na manipulação política e religiosa em favor de candidatos e partidos. Segundo Sinha, para piorar, informações falsas ou distorcidas em circulação na internet são replicadas comumente em telejornais e na mídia impressa. Trata-se de um telefone sem fio de proporções gigantescas e incontrolável.

Drible com softwares de US$ 10

Fazendeiro indiano assiste discurso do político em seu celular, no vilarejo de Majadia – 01/02/2019
Fazendeiro indiano assiste discurso do político em seu celular, no vilarejo de Majadia – 01/02/2019 (Subhankar Chakraborty/Hindustan Times/Getty Images)

Assim como em democracias menores, a maior eleição do mundo sofreu com o mau uso deliberado da mídia social. Nesse cenário, o WhatsApp fez o papel de buraco negro das fake news. Os grandes partidos políticos indianos construíram redes com dezenas de milhares de ativistas que, online, ajudaram a impulsionar mensagens corretas e falsas no Facebook e no WhatsApp. Vários grupos criados nessas redes basearam-se em dados demográficos relevantes, como a religião e a casta, para atingir parcelas específicas do eleitorado com propaganda eleitoral e, não raro, desinformação.

Páginas no Facebook e em grupos de WhatsApp estiveram diretamente em contato com as células de Tecnologia da Informação dos partidos políticos. Acossados por regras mais duras do Whats App para o compartilhamento de mensagens, essas células recorreram a softwares, vendidos a cerca de 10 dólares, para driblar os controles. Os truques eletrônicos mais comuns são a clonagem dos aplicativos, o uso de softwares ilícitos e os números de contas anônimas para o envio massivo de mensagens.

Com isso, as principais legendas foram acusadas de espalhar informações falsas na internet e de tentar burlar o eleitorado. Se atividades semelhantes causaram perplexidade e até repulsa nas últimas eleições nos Estados Unidos e no Brasil, entre outras grandes democracias, os seus impactos no pleito de um país onde tudo é superlativo será ainda maior e poderá respingar na credibilidade do segundo mandato de Modi.

Na Índia, 560 milhões de pessoas – 40% da população – estão ligadas na internet. Trata-se de universo semelhante ao dos beneficiários de um dos principais programas sociais do governo de Modi, o Índia Limpa, que prevê a construção de 90 milhões de banheiros públicos até outubro e odefinitivo abandono do título de campeão mundial em defecação a céu aberto.

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A Índia está atrás apenas da China na quantidade de pessoas com acesso à internet, que deverá saltar para 835 milhões até 2023, segundo o relatório “Digital India – Technology to Transform a Connection Nation” (Índia Digital – Tecnologia para Transformar a Conexão da Nação, em tradução livre), divulgado pelo Instituto McKinsey Global. O país também é campeão mundial em usuários do Whats App, com mais de 200 milhões – quase toda a população do Brasil -, de acordo com o portal Digital Information World.  O total de usuários indianos do Facebook é ainda maior, de 250 milhões.

Banheiros e celulares

Indiana tira self com a filha, vestida como uma divindade para o Festival Janmashtami.
Indiana tira self com a filha, vestida como uma divindade para o Festival Janmashtami. (Manjunath Kiran/AFP)

O deslanche da internet e das redes sociais na Índia deve-se a fatores pouco relacionados ao fato de o país figurar entre os mais desenvolvidos em Tecnologia da Informação. Sua impressionante população jovem – metade dos seus 1,3 bilhão de habitantes têm menos de 25 anos – contribui para a disseminação das redes. Em comparação com 2014, a eleição de 2019 inseriu 130 milhões de jovens eleitores, o equivalente à população do Japão.

A internet na zona rural, onde vivem 220 milhões de indianos ou 47% da força de trabalho do país, explodiu desde 2014 graças aos custos mais baixos do mundo da provisão de dados móveis. Mesmo com a elevada presença de analfabetos entre os camponeses, o padrão de comunicações nessas áreas mudou. A Índia atualmente tem 1,2 bilhão de telefones celulares de todos os tipos em uso.

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No emaranhado de denúncias falsas e de propagandas em uma campanha altamente polarizada, famílias se romperam tanto quanto no Brasil de 2018, e brigas feias foram contornadas pelo segredo do voto. Progressistas foram acusados de antinacionalistas, e indianos pró-Modi acabaram apontados como destruidores da democracia.

Antes das eleições, as redes sociais já cumpriam um papel nada honroso de espalhar notícias falsas. Em 2018, um fenômeno escabroso levou 20 pessoas à morte, por linchamento. Mensagens falsas no WhatsApp espalharam notícias sobre o sequestro de crianças, e a descrição dos supostos criminosos nas mensagens foi erroneamente encontrada nas vítimas.

Diante dessas tragédias, em julho de 2018, o WhatsApp reduziu de 20 para 5 o número de vezes que uma mensagem pode ser encaminhada na plataforma. Mais tarde, a mesma regra foi adotada aos usuários do mundo todo. O mesmo modelo usado nas eleições do México, em 2018, para identificar fake news foi adotado na Índia pela rede social, que redobrou o controle sobre spams 48 horas antes do primeiro dia de votação, em 11 de abril.

Vendedor de chai

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, mostra seu indicador marcado com tinta, prova de que já havia votado, em Ahmedabad – 23/04/2019
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, mostra seu indicador marcado com tinta, prova de que já havia votado, em Ahmedabad – 23/04/2019 (Amit Dave/Reuters)

O primeiro-ministro Narendra Modi foi um pioneiro no uso das mídias sociais, tanto em sua campanha de 2014 como também no exercício de seu mandato. Nesta eleição, valeu-se do aprofundamento das suas diferenças com Rahul Ghandi, herdeiro de uma família de políticos e estadistas e conhecido no país como yuvraj – príncipe, em português -, para disseminar pelas redes sociais uma imagem de homem de origem humilde, que prioriza projetos úteis para o povo, como os banheiros nas zonas rurais.

Modi repetiu à exaustão ser filho de um vendedor de chai – o chá preto indiano misturado com especiarias e leite, tomado tão frequentemente como o cafezinho no Brasil. Não escondeu o fato de vir da casta Ghanchis, associada ao comércio de óleos vegetais e incluída no seu programa de proteção a categorias sociais menos privilegiadas. Essencialmente, esse comerciante nato propagou sua imagem de defensor do hinduísmo, em um país onde a convivência dos hindus com os praticantes do sikhismo, islamismo, cristianismo, zoroastrismo, budismo e do jainismo nem sempre foi pacífica.

Modi levou ao extremo o modus operandi de líderes como Donald Trump, nos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, no Brasil, ao reduzir sua interação com a mídia formal e valer-se do Twitter. Em cinco anos de governo, o primeiro-ministro nunca deu uma entrevista coletiva à imprensa. Em uma entrevista ao ator Akshay Kumar, Modi disse que gosta de analisar a mídia social.  “Você percebe o senso do homem comum. Não tem sofisticação, mas tem verdade”, afirmou.

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Mantra fisga o eleitor

Primeiro-ministro se vende como nacionalista hindu de origem humilde

Peregrinação por água – Moradores do vilarejo Natwarghad aglomeram-se ao redor de um poço.
Peregrinação por água – Moradores do vilarejo Natwarghad aglomeram-se ao redor de um poço. (Amit Dave/Files/Reuters)

Por Florência Costa, de Nova Délhi

“União de todos, desenvolvimento para todos” foi o lema de Narendra Modi nas seis semanas de eleições na  Índia. A palavra “vikas”, desenvolvimento em hindi, foi uma das mais associadas à imagem do primeiro-ministro pelo indiano comum, ávido por melhorias em seu dia-a-dia:  estradas, eletricidade, água potável, educação, saúde e banheiro.

Foi o que mostraram as pesquisas feitas pelo Instituto Lokniti em todo o país após cada uma das sete fases de votação. A figura de Modi, um expoente da direita populista hindu, estava em todo lugar: em máscaras, em bandeiras e em músicas.

Há seis meses, Modi deu o pontapé inicial em um projeto de seguro saúde gratuito para 500 milhões de pessoas necessitadas. Outro programa de impacto é o Swachh Bharat (Índia Limpa), para a construção de 90 milhões de banheiros, em especial na zona rural, neste campeão mundial de defecação a céu aberto. Segundo dados do Ministério da Saúde Pública e Água Potável, em cinco anos de governo, mais de 550 milhões de pessoas foram beneficiadas com o programa nacional de construção de banheiros.

A Índia tem um leque de 900 programas de combate à pobreza. Durante a campanha eleitoral, o  Partido do Congresso propôs o programa NYAY (Justiça), de garantia de renda mínima de 1.050 dólares para 250 milhões de agricultores afetados pelas safras ruins e o declínio de preço de commodities. O governo Modi, por sua vez, respondeu anunciando transferências diretas de dinheiro e empréstimos para agricultores, o que contraria a sua base de apoio liberal.

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Nestas eleições, a Índia rural continuou importante demais para ser ignorada. A agricultura engaja 220 milhões de pessoas, quase 47% da força de trabalho do país.

Em entrevista para VEJA, o cientista político Balveer Arora, professor do Centro para o Federalismo do Instituto de Ciências Sociais da Índia, explicou que os fatores-chave da eleição foram os programas destinados a facilitar a vida dura do cidadão comum.

“Nesta eleição, Modi foi julgado com base no que seu governo foi capaz de fazer para melhorar a vida do povo e atender às suas necessidades básicas, como os programas de oferecimento de gás de cozinha para famílias pobres e a construção de toaletes no interior”, observou Arora.

Rusgas econômicas

Mulher pendura fios tingidos para secar em tecelagem na cidade de Agartala.
Mulher pendura fios tingidos para secar em tecelagem na cidade de Agartala. (veja.com/Reuters)

Mas Modi é acusado de ter tido desempenho razoável na economia, não entregando tudo o que prometera em 2014. Na campanha eleitoral, ele tentou empurrar as discussões sobre segurança, nacionalismo e desenvolvimento. Mas a oposição forçou o debate para os problemas econômicos. A alta do desemprego formal, em um país onde mais de 80% da mão-de-obra está na informalidade, foi um assunto quente.

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Também debateu-se à exaustão a acusação de que o governo da terceira maior economia da Ásia estaria inflando as estatísticas do crescimento econômico – de 7,2%, segundo fontes oficiais. Para piorar as coisas, analistas apontaram sinais de desaceleração da economia, como a queda na venda de carros e a diminuição do consumo.

A controversa decisão de retirar de 86% das notas de 500 e de 1000 rúpias de circulação do país em 2016, com o objetivo de enfrentar a informalidade e forçar a abertura de contas bancárias, tornou-se alvo contra Modi. Tida como um fiasco, a medida prejudicou os indianos em uma economia ainda muito movida pelo dinheiro vivo. Outra crítica foi a implantação abrupta de um sistema complexo de impostos federais e estatais, com o objetivo de aumentar a base de tributação e de reduzir as fraudes.

Alma indiana

Mulher têm seu rosto colorido com pó vermelho durante o festival Holi, em Calcutá – 21/03/2019
Mulher têm seu rosto colorido com pó vermelho durante o festival Holi, em Calcutá – 21/03/2019 (Rupak De Chowdhuri/Reuters)

Analistas dizem ter sido esta eleição uma verdadeira batalha pela alma indiana. Além do desenvolvimento, o BJP (Bharatiya Janata Party, ou Partido do Povo Indiano) carregou a ideia de um nacionalismo duro para uma nação hindu unificada e protegida pelo chowkidar (vigilante) Narendra Modi. O primeiro-ministro chegou a acrescentar esta palavra a seu nome em sua conta do Twitter, depois do atentado terrorista de fevereiro passado, na disputada região da Caxemira, que matou 40 paramilitares indianos.

Se a vitória de Modi se conformar nesta quinta-feira, 23, quando sai o resultado oficial da eleição, ele terá de lidar com a existência de duas visões dentro de seu partido. Uma é a dos defensores da economia liberal. A outra visão é a dos conservadores culturais, que abraçam o projeto Hindutva, de defesa de uma Índia para os hindus.

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O cientista político Yogendra Yadav explicou a VEJA que a oposição a Modi não foi capaz de entender a ideia de nacionalismo. “A sua indiferença à religião e a tradições acabou levando a esta situação”, lamentou.

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Fantasia se casa com política

Bollywood, a maior indústria cinematográfica do mundo, mergulha na eleição indiana

Atores de Bollywood com o primeiro-ministro Narendra Modi: apoio à reeleição disparado pelo Twitter.
Atores de Bollywood com o primeiro-ministro Narendra Modi: apoio à reeleição disparado pelo Twitter. (Florência Costa/VEJA)

Por Florência Costa, de Nova Délhi

Na terra de Bollywood, a maior indústria cinematográfica do planeta, os indianos olham para seus atores como semi-deuses. Na maior democracia do mundo, os políticos também são endeusados. Fantasia e política são dois mundos que se conectam perfeitamente bem na mentalidade indiana em tempos de eleição. Desde 1967, o estado indiano de Tamil Nadu foi governado por cinco políticos saídos das telas de cinema.

“Nada domina mais a nossa imaginação do que Bollywood. E nada engaja mais um indiano comum do que a política”, diz o diretor de cinema Rahul Mittra a VEJA. Mittra é um premiado diretor de Bollywood, aplaudido pelo filme “Saheb, Biwi aur Gangster”, uma história que mistura política, negócios e crime em uma cidade decadente dominada por um ex-nobre indiano.

Nas eleições gerais que se encerram nesta semana, Bollywood se preparou para participar do drama político que divide a Índia. Atores, diretores e produtores de cinema desempenharam um papel de peso, pró e contra o primeiro-ministro Narendra Modi, político que atrai amor e ódio e que quase nunca deixa espaço para a imparcialidade.

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Estreia adiada

Um dos lançamentos mais controversos da indústria cinematográfica indiana foi o filme “PM Narendra Modi”. A Comissão Eleitoral proibiu a sua distribuição nos cinemas antes do fim do pleito. A estreia dessa biografia de Modi, apontada pelos críticos do primeiro-ministro como uma propaganda em forma de filme, será na sexta-feira, 24, dia seguinte ao anúncio do resultado oficial da eleição.

O ator Vivek Oberoi, que encarna Modi, entrou no bate-boca que se seguiu à proibição: “O Partido do Congresso (principal adversário do BJP de Modi) estava com medo do filme”.

Nas telas, a infância de Modi é descrita de forma a criar conexão com o povão. Ele era um “chaiwala” ou vendedor do tradicional chai (chá preto com leite e especiarias) em estações de trem. Na sequência, Modi surge como um sábio hindu que vaga pelas montanhas sagradas dos Himalaias.

Ao exibir sua juventude, nos anos 1970, o filme destaca os dias que ele teria passado disfarçado, com barba e turbante, para não ser capturado pela polícia política de Indira Gandhi, a avó de seu adversário político, Rahul Gandhi, presidente do Partido do Congresso. Em 1975, a então primeira-ministra da Índia baixara um decreto de emergência – o único momento em que a democracia indiana foi sufocada, com censura e perseguição aos opositores do governo.

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O espírito patriótico indiano já foi enaltecido nas telas por vários filmes. O mais recente e polêmico exemplo foi “Uri- The Surgical Strike”, lançado em janeiro, que premonitoriamente mostra a Índia retaliando atentados terroristas com ataques aéreos no Paquistão. Um mês após seu lançamento, a vida real copiou a ficção: terroristas mataram paramilitares indianos na Caxemira, e a Índia revidou com ataques aéreos.

Nirmala Sitharaman, ministra da Defesa, tuitou uma série de vídeos de uma sala de cinema onde ela assistia o filme com veteranos de guerra. Um dos vídeos mostra a multidão brandindo a bandeira nacional e gritando slogans como “vida longa ao exército indiano”. O filme acabou propulsionando mais fake news: a de que o ataque terrorista, antecipado em um filme pró-Modi, teria sido orquestrado pelo próprio governo para ganhar votos com a bandeira da necessidade de se votar em um político de pulso forte, capaz de defender a pátria.

O filme “Primeiro-ministro Acidental” é baseado no livro de um ex-assessor de comunicação do ex-líder indiano Manmohan Singh, do Partido do Congresso, que governou em dois mandatos, entre 2004 e 2014. Mas, no roteiro, o personagem principal, Singh, é retratado negativamente, como um  boneco nas mãos da chefe Sonia Gandhi, então presidente da legenda.

Várias estrelas de ponta de Bollywood deram seu apoio explícito a Modi. Kangana Ranaut, uma jovem atriz que estrelou vários filmes de sucesso, disse que Modi merecia continuar ao poder.

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“Ele é o líder certo da democracia indiana”.

Modi tem sido rápido em entender que a política sozinha seria insuficiente para conseguir fazer com que a sua mensagem atravessasse as massas. Durante a campanha eleitoral, o astro Akshay Kumar fez uma “entrevista amiga” com Modi, ou melhor, uma conversa sobre amenidades, como seu amor pelas mangas, seu estilo de se vestir e suas horas de sono.

Logo após assumir assumir o comando do país, ele inaugurou um dos projetos que mais acalentara, o “Swachh Bharat Abhiyan” ou Índia Limpa, e convidou vários atores de primeira linha participar dos eventos de promoção do programa, explicou a VEJA Rasheed Kidwai, autor do livro “Neta Abhineta – Bollywood Star Power in Indian Politics” (Neta Abhineta – O poder das estrelas de Bollywood na política indiana, em tradução livre).

Karan Johar, um dos mais badalados diretores de Bollywood, tuitou uma foto com atores em volta do primeiro-ministro e a mensagem: “Todos nós tivemos a oportunidade incrível de interagir com o senhor hoje. Juntos, nós adoraríamos inspirar mudanças positivas na direção de uma Índia transformadora”.

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Mas o outro lado também se manifestou. “Nosso país passa por um dos mais importantes testes de sua história. Apesar de a Índia ser um país vívido, culturalmente, e diverso, geograficamente, sempre nos mantivemos unidos. Mas tudo isso está em perigo agora. O fascismo nos ameaçará com toda a sua força se não votarmos corretamente nestas eleições”, diz um manifesto assinado por 103 cineastas, produtores e atores contrários a Modi.

O ator indiano Tinu Varma e a atriz Rani Chatterjee em set de filmagens do filme ‘Aasra’ – 26/03/2018
O ator indiano Tinu Varma e a atriz Rani Chatterjee em set de filmagens do filme ‘Aasra’ – 26/03/2018 (Narinder Nanu/AFP)

Atores candidatos

Nestas eleições um grande número de atores se candidataram. “Os partidos têm dificuldades de encontrar líderes com credibilidade e acabam apelando para os heróis da tela”, ressalta Rahul Mittra. Um deles foi Ravi Kishan, que atua em uma indústria regional. Além de Bollywood, sediada em Mumbai, a Índia tem diversas indústrias de cinema, com filmes em vários idiomas.

“Eu quero me tornar um político sério. Minha inspiração é Modi. Eu o ouvi falando sobre a necessidade de se construir banheiros na Índia rural. Pela primeira vez, vi um primeiro-ministro com essa postura”, disse Kishan, candidato pelo BJP a uma cadeira na Lok Sabha, a VEJA.

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Rasheed Kidwai lembra que Bollywood historicamente sempre teve um poder que também ultrapassou as fronteiras. Em uma visita à Índia em janeiro de 2018, o primeiro-ministro de israel, Benjamin Netanyahu, participou do Shalom Bollywood, um evento de promoção da imagem de seu país, ao lado de grandes estrelas indianas.

“Israel ama Bollywood, queremos Bollywood em Israel”, disse o líder israelense

Os filmes indianos eram imensos sucessos na ex-União Soviética, aliada da Índia socialista de Jawaharlal Nehru, primeiro-ministro de 1947 a 1964). Em um encontro com Nehru, o ditador soviético Joseph Stalin aproveitou para puxar conversa sobre Raj Kapoor, o grande ator de Bollywood da década de 1950, e sobre o seu filme indiano preferido, “Awara” (Vagabundo).

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Colcha de retalhos

Modi enfrenta a ira de líderes regionais em país continental

O candidato do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, o ´príncipe´, e sua irmã em homenagear a seu pai, o ex-primeiro ministro indiano Rajiv Gandhi, em Nova Delhi – 21/05/2019
O candidato do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, o ´príncipe´, e sua irmã em homenagear a seu pai, o ex-primeiro ministro indiano Rajiv Gandhi, em Nova Delhi – 21/05/2019 (Manish Swarup/AP)

Por Florência Costa, de Nova Délhi

O cenário político da Índia é o mais complexo do mundo: milhares de candidatos e centenas de partidos representando não só orientações políticas, mas religiões, culturas, línguas e uma infinidade de castas e subcastas em um território que é mais um continente do que um país.

Cada um dos 29 estados indianos seria como um país com língua própria – algumas tão diferentes quanto o chinês do português -, além de milhares de dialetos. Além do hinduísmo e do islamismo, há o cristianismo, o zoroastrismo e três importantes religiões nascidas na Índia: o sikhismo, o jainismo e o budismo.

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Sete estados indianos têm populações de mais de 68 milhões. Uttar Pradesh, onde fica o Taj Mahal, tem a população do Brasil.

Rushir Sharma, autor do livro Democracy on the Road: a 25-Year Journey Through India (Democracia na Estrada: uma jornada de 25 anos pela Índia, em tradução livre), conta que já viu o primeiro-ministro, Narendra Modi, lutar para se fazer entender em comícios eleitorais porque seu hindi não era compreendido. A identidade das comunidades – em especial, o idioma – é a chave para a política indiana.

Mais poderoso e mais polarizador primeiro-ministro em gerações, Narendra Modi é amado e odiado. Ele enfrentou vários opositores de peso nesse drama eleitoral indiano. O mais famoso deles é Rahul Gandhi, de 48 anos, presidente do Partido do Congresso, principal rival do Partido do Povo Indiano de Modi (BJP, de Bharatiya Janata Party).

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Se o BJP carrega a missão evangelizadora hindu na mala, o Congresso tradicionalmente levanta a bandeira do secularismo e da defesa de minorias em um país tão plural como a Índia.

As dinastias permeiam a política do país onde a família é a instituição mais importante. A mais nobre delas é a dos Nehru-Gandhi. Apelidado de “yuvraj” (príncipe), Rahul Gandhi é o herdeiro dessa família brâmane da Caxemira – e de suas tragédias. Na pirâmide de castas da Índia, os brâmanes estão no topo.

O Partido do Congresso é o mais antigo da Índia, criado antes da independência. A legenda já governou por meio século. Rahul Gandhi é bisneto de Jawaharlal Nehru, o primeiro governante da Índia independente, um dos grandes nomes da história do país, promotor da ideia de uma nação secular e plural, juntamente com Mahatma Gandhi, de quem era uma espécie de pupilo.

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Rahul, que disputa nessa eleição uma cadeira no parlamento, é neto da ex-primeira-ministra Indira Gandhi, que governou de 1966 a 1984, quando foi assassinada por seus seguranças, da religião sikh, em represália à repressão contra tentativas de separatismo dessa comunidade. Muitos comparam Modi com Indira porque ela foi a última líder de escopo nacional a vencer em quase todos os estados. Seu lema era “India é Indira, Indira é Índia”. Desde então, os indianos não se identificavam tão de perto com um líder.

Indira casou-se com Firoz Gandhi, daí o sobrenome famoso que nada tem a ver com Mahatma Gandhi. Rahul é filho de Rajiv Gandhi, o filho mais velho de Indira. Ele sucedeu a mãe no cargo de primeiro-ministro. Mas Rajiv também foi morto de forma violenta: uma terrorista do movimento de libertação tâmil, do Sri Lanka, se explodiu a seu lado durante a campanha eleitoral de 1991.

Ao lado de Rahul nesta campanha eleitoral está sua irmã mais nova, Priyanka Gandhi, que muitos indianos costumam chamar de a encarnação de Indira, pela semelhança física. Ela desbravou o país na condição de secretária-geral do Partido do Congresso.

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Onde desembarcava, atraía multidões. Priyanka é considerada mais carismática do que Rahul, mas ainda não tomou a decisão de entrar na política como candidata a uma vaga no parlamento.

A oposição a Modi decepcionou as forças que lutavam para derrotar o primeiro-ministro. “Os partidos de oposição não foram capazes de oferecer nenhuma resistência. Eles estão apenas envolvidos em aritméticas eleitorais e não têm visão de políticas para o país”, opinou o cientista político Yogendra Yadav a VEJA.

Xadrez eleitoral

Trabalhadores tomam banho com balde no centro de Mumbai, na Índia – 19/12/2017
Trabalhadores tomam banho com balde no centro de Mumbai, na Índia – 19/12/2017 (Shailesh Andrade/Reuters)

As eleições indianas parecem vários jogos simultâneos de xadrez. Neste subcontinente, cada estado tem seus próprios líderes políticos, poderosos e carismáticos, que desempenharam papel fundamental nessa disputa. A maioria deles fez oposição a Modi.

O primeiro-ministro gosta de ressaltar sua origem humilde, filho de um vendedor de chai (o chá preto indiano misturado com leite e especiarias, o equivalente no Brasil ao cafezinho). Sua família pertence à casta Ghanchis, associada ao oficio de vender óleo vegetal. Essa casta foi incluída no programa do governo que protege categorias desprivilegiadas, chamadas de OBCs (Other Backward Classes).

Nesta campanha, Modi protagonizou um bate-boca com a brâmane Mamata Banerjee, a ministra-chefe (espécie de governadora) do estado de Bengala Ocidental, que o acusou de ser um “falso OBC”. Segundo Banerjee, Modi, usaria suas origens para tentar conquistar os indianos de castas baixas.

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“Garib (pobreza) é minha única casta”, reagiu Modi.

O primeiro-ministro disse que cresceu vendo a sua mãe lutando contra a pobreza e que, por isso, entende o sofrimento das mulheres com a falta de banheiros na Índia rural. “Vi gente vendendo dois lotes de terra para ter tratamento médico. Essas coisas me fizeram lutar contra a pobreza”, disse o primeiro-ministro.

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Números gigantescos da eleição

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