6h
O sábado amanhece em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, dia 7 de abril. Na escadaria em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, meia dúzia de pessoas cantarola músicas brasileiras. Um homem toca no violão A Dois Passos do Paraíso, hit da banda Blitz nos anos 1980, acompanhado pelos demais: Bye bye, baby, bye bye.
O sindicato ocupa uma construção de quatro andares em uma esquina. Na rua que dá acesso ao estacionamento do edifício, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entre eles crianças, dormem sobre colchões na calçada, ao relento. No saguão do prédio, militantes do Partidos dos Trabalhadores (PT) repousam sobre jornais ou o chão duro. O termômetro marca 19º Celsius.
Um grupo de petistas de longa data madrugou para chegar ao local às 6h, horário padrão da Polícia Federal (PF) para cumprir mandados de prisão. Eles temiam que os agentes federais aparecessem de surpresa para executar a ordem do juiz federal Sergio Moro. Na véspera, às 17h, havia terminado o prazo dado pelo magistrado para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se entregar à polícia.