Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

‘O Outro Lado do Paraíso’ é criticada por incentivar amamentação cruzada

Personagem recomendou aleitamento de bebê por mulher que não é sua mãe, prática contraindicada pelo Ministério da Saúde e pela OMS

Por Flávia Mantovani
Atualizado em 28 mar 2018, 17h45 - Publicado em 28 mar 2018, 16h23

Uma cena da novela O Outro Lado do Paraíso, exibida na noite de terça-feira 27, gerou uma forte reação de sociedades médicas e de enfermagem, por considerarem que houve disseminação de informações incorretas e perigosas sobre amamentação.

No capítulo, o médico Samuel (interpretado por Eriberto Leão) diz à personagem Karina (Malu Rodrigues), após seu parto, que ela não tem leite suficiente. Ele então afirma que sua mulher, a enfermeira Suzy (Ellen Rocche), pode amamentar o bebê em seu lugar.

Muito comum no passado, a prática, chamada amamentação cruzada, é contraindicada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido ao risco de transmissão de doenças infectocontagiosas como o HIV.

Entidades como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), além de profissionais de saúde e grupos de apoio ao aleitamento, criticaram a cena por meio de notas de esclarecimento e posts em redes sociais.

Procurada, a Rede Globo afirmou que enviaria uma resposta, que ainda não havia chegado até o fechamento deste texto. “A amamentação cruzada acontecia muito e ainda acontece entre comadres, vizinhas e parentes. Com a propagação da aids e a descoberta de que a doença é transmitida pelo leite materno, as orientações mudaram. Pode parecer um ato de amor e solidariedade, mas é perigoso e não é recomendado”, afirma Elsa Giugliani, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Continua após a publicidade

Segundo a pediatra, mesmo mulheres que passaram por exames recentemente não devem amamentar os bebês de outras mulheres, já que existe um período de janela imunológica – quando o vírus ainda não aparece nos testes comuns. “Nunca dá para ter certeza. E, numa dessas, uma criança pode acabar contraindo uma doença grave”, afirma.

Os especialistas afirmam que um bebê pode receber o leite de outra mulher, desde que ele tenha passado por um processo de controle de qualidade e pasteurização, algo que só acontece nos bancos de leite.

“Há diferenças entre o leite oferecido diretamente pela mãe e o que é doado ao Banco de Leite Humano, onde ele é analisado e tratado”, afirma o pediatra Moisés Chencinski, outro médico que criticou a abordagem da novela em um post nas redes sociais com os dizeres: “Ofereça apoio, não seu peito”.

Continua após a publicidade

Leite insuficiente

A nota da Sociedade Brasileira de Pediatria também condena a parte em que o médico Samuel diz à paciente que ela não tem leite suficiente. “A mulher só não tem leite em situações muito raras”, diz Giugliani.

Herdy Alves, membro da Comissão da Saúde da Mulher do Cofen, lembra que nos primeiros dias após o parto a mulher produz o colostro, um leite que vem em menor quantidade, mas é o alimento mais recomendado para nutrir e transmitir anticorpos para a criança.

“Se a mulher não tem nenhuma complicação de saúde, como no caso da personagem da novela, ela produz o colostro, que dá conta de sustentar o bebê e é uma vacina natural”, afirma.

Continua após a publicidade

Alves acredita que a informação do incentivo à amamentação cruzada deveria ser corrigida. “A novela tem uma abrangência nacional, entra nos lares de muitas famílias. Quando se coloca uma informação como essa sendo dita por um diretor de hospital, passa-se a ideia de que é algo corriqueiro e põe em risco muitos bebês”, afirma.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.