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O irresistível magnetismo de ‘Messiah’, da Netflix

Último vício da plataforma de streaming, a série apresenta uma visão perturbadora de como o mundo receberia um novo Cristo

Por Marcelo Marthe Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 jan 2020, 10h52 - Publicado em 10 jan 2020, 06h00

Seu rosto tem aquela expressividade excepcional que só se vê nos quadros de Leonardo da Vinci. Com semblante sereno e olhar vago, porém caloroso, o protagonista de Messiah impõe-se pela empatia de quem se expõe sem medo diante do próximo. Mas o personagem consegue ser, sobretudo, a encarnação de um mistério dentro de quantos outros seja possível conter uma única série de TV: não se sabe se por trás daquele rosto resplandecente há um novo Jesus Cristo ou um mero farsante. É esse magnetismo inescrutável que transforma a produção disponível na Net­flix desde 1º de janeiro em ópio capaz de prender o espectador, com fervor quase religioso, ao longo dos dez episódios de sua primeira temporada.

Messiah foi criada pelo australiano Michael Petroni — mas, tanto quanto seu roteiro preciso, faz diferença aqui o toque de Mark Burnett e Roma Dow­ney, casal de superprodutores que se esmerou em converter a religião em entretenimento com a série A Bíblia. A atual empreitada se baseia em uma premissa provocativa: e se, brandindo profecias que se encontram do livro cristão do Apocalipse à fé muçulmana, alguém hoje se proclamasse um novo Messias vindo para salvar os homens no Juízo Final? Fiando-se não apenas em discurso sedutor, mas numa sucessão de feitos inexplicáveis, o jovem Al-Masih, de barba e cabelos longos, fala a uma multidão cética de Damasco quando a capital síria está para ser tomada pelo Estado Islâmico — e o evento que muda os ventos da guerra é atribuído ao pregador. Do Templo de Jerusalém ao Capitólio, no coração do poder americano, sua trajetória vai seguindo, quase ipsis litteris, os caminhos de Jesus Cristo.

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A série exibe seu ponto fraco no recurso surrado de colocar uma agente da CIA imersa em conflitos pessoais (vivida por uma Michelle Monaghan sem brilho) como a descrente que, de Israel ao interior do Texas, segue os passos do suposto Messias na tentativa de desmascará-lo. O tropeço não interfere no somatório positivo da série graças à firmeza com que o roteirista Petroni conduz o leme, mantendo personagens e espectadores em suspense sobre a real natureza do protagonista. Mas, se Messiah funciona tão bem, isso se deve especialmente ao carisma do ator belga de origem muçulmana Mehdi Dehbi. Ele é a força capaz de tornar palpável o aspirante a salvador do mundo numa era em que os milagres são instagramáveis e a pregação de Cristo esbarraria nas refregas entre as religiões e nas tensões geopolíticas. Seja ele o Messias ou não, o veredicto a respeito dos homens continua tão cristalino quanto nos tempos de Cristo: perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem.

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Publicado em VEJA de 15 de janeiro de 2020, edição nº 2669

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