Nego do Borel: a lacração terminou em xeque
Era para ser um bafo, mas aí tinha um político no meio do álbum de fotos...
Nego do Borel conseguiu em menos de 24 horas somar mais de 3 milhões de visualizações em seu novo clipe, Me Solta, no YouTube.
No vídeo, o cantor e galã dança na favela vestido de mulher, com direito a batom, pirulito e shortinho. Seguindo a escola da amiga Anitta, quem está ao redor exerce o direito de ser o que é: o rapaz com abdômen “real” dança sem camisa, enquanto outro ostenta um macacão com uma palheta de cores à Romero Britto.
Na cena que mais repercutiu, o astro beija um sujeito fortão na boca.
Era para ser um “lacre”, com repercussão positiva — como aconteceu quando o sertanejo Lucas Lucco apareceu em cenas quentes com Pablo Vittar em Paraíso. O recado claro: dois galãs heterossexuais sem preconceito, celebrando a diversidade em cena de ficção.
O resultado foi dúbio.
Nas redes sociais, famosos como Sabrina Sato, Kevinho e Bruno Gissoni elogiaram a produção, assim como amigos mais próximos do músico, caso de Bruno Gagliasso, que mandou uma mensagem particular a Borel – e ele fez questão de compartilhar no Instagram.
Por outro lado, muitos o consideraram oportunista, atrás do pink money. E o principal argumento é uma selfie na qual o artista aparece ao lado do presidenciável Jair Bolsonaro (PSC), notável desafeto da militância LGBT. Aparentemente, o funkeiro e o político são “migos” nas redes — com direito a troca de elogios. Nego do Borel não tem histórico de comentários homofóbicos (como o supracitado Bruno Gagliasso), mas foi o suficiente para que muitos vejam certo cinismo no clipe. Mais tarde, ele negou o apoio ao político do PSC.
Não foi só: muitos não gostaram da composição de personagem do ator:
O rapper Rico Dalasam e o youtuber Murilo Araújo apontaram suas críticas ao músico.
“Eu até concordaria com a ideia de que Nego do Borel tá atrás de pink money se ele ainda tivesse pagando de aliado progressista desconstruído nesse vídeo. Mas nem isso. Ele tá só de deboche com a nossa cara mesmo. É homofóbico e é misógino”, diz Araújo.
“Que o Nego do Borel faça o que quiser com a cara dele, mas que a idiotização a qual ele se presta não venha atravessar as verdades construídas diariamente por tanta gente, visíveis e invisíveis”, publicou Dalasam no Instagram.
Se a tentativa era lacrar, ela terminou em xeque.