Mangueira faz desfile povoado de críticas à história oficial do Brasil
Em contraponto à apresentação da Vila Isabel, que exaltou a família real, enredo diminuiu o papel de personagens como Duque de Caixas e D. Pedro I
Por Fernando Molica, do Rio de Janeiro
Atualizado em 5 mar 2019, 20h03 - Publicado em 5 mar 2019, 08h49
Porta-bandeira da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, durante desfile na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
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A Mangueira prometeu e cumpriu: fez um desfile radical, povoado de críticas à história oficial brasileira e a vultos de nosso passado. O objetivo ficou claro já na comissão de frente, em que os heróis emoldurados citados no samba surgiam diminutos, de pernas curtas – entre eles, D. Pedro I, Princesa Isabel e Pedro Álvares Cabral.
A partir daí, houve louvações a personagens negros e índios e condenações a figuras como Duque de Caxias que, num dos carros, pisoteava corpos.
O carnavalesco Leandro Vieira levou também para o Sambódromo um episódio ocorrido em 2016, a pichação do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. Na alegoria, os danos à obra foram apresentados como marcas do sangue derramado por heróis populares.
Apesar do tema pesado, a escola veio leve, evoluiu sem problemas e precisou segurar os componentes no fim do desfile para cumprir o tempo minimo obrigatório. Na Apoteose, foi saudada pelo público com gritos de “campeã”.
Como previsto, Monica Benicio, viúva da vereadora Marielle Franco, morta em março de 2018, desfilou pela escola – veio no chão, ao lado da cantora Rosemary. Na última ala, componentes agitaram bandeiras com rostos da parlamentar assassinada e de mangueirenses ilustres como Cartola e Nelson Cavaquinho.
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1/22 Membros da escola de samba Estação Primeira de Mangueira comemoram o título do Carnaval carioca - 06/03/2019 (Ricardo Moraes/Reuters)
2/22 Membros da escola de samba Estação Primeira de Mangueira comemoram o título do Carnaval carioca - 06/03/2019 (Delmiro Junior/Photo Premium/Folhapress)
3/22 Integrantes da escola de samba Estação Primeira de Mangueira exibem trofeu durante comemoração título do título do Carnaval carioca - 06/03/2019 (Ricardo Moraes/Reuters)
4/22 Integrantes da escola de samba Estação Primeira de Mangueira comemoram notas durante apuração - 06/03/2019 (Ricardo Moraes/Reuters)
5/22 Carro alegórico durante desfile da escola de samba Mangueira na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
6/22 Escola de samba Mangueira exibem bandeira estampada com o rosto de Marielle Franco durante desfile na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
7/22 Detalhe de ala durante desfile da escola de samba Mangueira na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Emiliano Capozoli/VEJA.com)
8/22 Escola de samba Mangueira durante desfile na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
9/22 Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, exibe exemplar de lei sobre posse de escravos - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
10/22 Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
11/22 Leci Brandão participa do desfile da Mangueira na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Emiliano Capozoli/VEJA.com)
12/22 Porta-bandeira da Mangueira, durante desfile na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
13/22 Rastros da passagem da escola de samba Mangueira durante desfile na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
14/22 Carro alegórico da escola de samba Mangueira durante desfile na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
15/22 Comissão de frente da Mangueira se apresenta na Sapucaí - 05/03/2019 (Emiliano Capozoli/VEJA.com)
16/22 Mangueira contou o enredo 'História pra ninar gente grande' na Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
17/22 Carro alegórico da Mangueira na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Emiliano Capozoli/VEJA.com)
18/22 Mônica Benicio, viúva de Marielle Franco, desfila pela Mangueira - 05/03/2019 (Emiliano Capozoli/VEJA.com)
19/22 Com o enredo 'História pra ninar gente grande', a escola de samba Estação Primeira de Mangueira desfila no Sambódromo da Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
20/22 Destaques do carro abre-alas da Mangueira no segundo dia de desfile na Marquês de Sapucaí - 05/03/2019 (Emiliano Capozoli/VEJA.com)
21/22 Comissão de frente da Mangueira - 05/03/2019 (Daniel Ramalho/VEJA.com)
22/22 Apresentação da comissão de frente da Mangueira na Sapucaí - 05/03/2019 (Emiliano Capozoli/VEJA.com)
O desfile da Mangueira foi um contraponto ao da Unidos de Vila Isabel, na mesma madrugada. Um, o mangueirense, não poupou os personagens históricos e a narrativa oficial; o outro os exaltou, principalmente a família imperial. Sobraram histórias na Sapucaí.
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