Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Mestres de tudo: uma multidão está aderindo aos cursos on-line

Com o mundo em transformação e a busca pela reinvenção, muita gente foi ensinar o que sabia e encontrou aí um prazeroso ofício

Por Ricardo Ferraz, Matheus Deccache Atualizado em 4 jun 2024, 13h35 - Publicado em 9 out 2021, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O sacolejo provocado pela pandemia nos vários setores da vida fez a humanidade conjugar com ênfase a palavra reinvenção. Muita gente se viu subitamente sem emprego e com abundância de tempo livre, tendo à frente o enorme desafio de preencher o vazio inesperado, tanto financeiro como mental. Eis que aí se descortinou uma avenida que vem se mostrando profícua para uma turma empreendedora e entusiasmada em transmitir seu conhecimento acumulado: a dos cursos on-line, oferecidos em plataformas em que qualquer um, desde que tenha uma câmera na mão e o domínio de um saber, pode se tornar mestre em alguma área — de finanças pessoais a ioga ou até sushi. E assim uma multidão tem aderido à docência, ministrando 730 000 cursos sobre tudo nos três principais sites especializados no Brasil.

    O crescente rol de cursos livres ganhou força na última década, quando a educação formal a distância passou a ser abraçada maciçamente e o hábito de aprender na internet se disseminou mundo afora. Nesse caso, não há vínculos com instituições de ensino e os certificados não são reconhecidos oficialmente — o que conta é assimilar uma nova expertise e dilatar os horizontes. A crise pandêmica deu a esse mercado que já avançava o trampolim que o alçou a um patamar nunca antes experimentado, já que as pessoas se revelaram dispostas a pagar por conteúdo, parte delas também em busca da própria reinvenção. Segundo levantamento de VEJA, as grandes plataformas registraram até cinquenta vezes mais inscritos de 2020 para cá. O trio que atrai mais brasileiros — a Hotmart Sparkle e a HeroSpark (nacionais) e a Udemy (americana) — soma uma classe virtual, digamos assim, de 80 milhões de alunos (veja o quadro). Como nesse universo não há literalmente fronteiras, os dois sites nacionais se expandiram pela América Latina, Europa e Estados Unidos. “Temos mais de 400 000 cursos administrados por mestres de perfis variados: de jovens criadores de conteúdo, alguns conhecidos, a uma professora de piano com mais de 70 anos”, conta Alexandre Abramo, diretor de produtos da Hotmart.

    arte aulas

    As áreas em alta nos dias de hoje estão ligadas a bem-estar, desenvolvimento profissional e geração rápida de renda, como meditação e ginástica, computação e gastronomia. Essa última impulsionou o carioca Alex Duarte, 46 anos, vinte deles dedicados à tecnologia da informação. Agora, ensina a produzir pães. Ele já havia feito a virada alguns anos atrás, quando se interessou pela técnica da fermentação natural, aprendeu tudo sobre ela e passou a dar aulas presenciais no mundo pré-vírus. Com a pandemia, o negócio secou, amargou prejuízo, e Alex partiu para o on-line. “Foi o que me salvou”, resume o hoje padeiro, que triplicou a renda e virou um dos maiores professores da Hotmart, com plateia virtual de 1 500 alunos, cada qual pagando 800 reais. “Muitas pessoas que já cultivavam um hobby perceberam que poderiam ganhar dinheiro fazendo o que amam na vida”, afirma Rafael Carvalho, CEO da HeroSpark e um dos autores do livro Paixão S.A.

    SALVAÇÃO DA FORNADA - Alex Duarte: carreira na internet -
    SALVAÇÃO DA FORNADA - Alex Duarte: carreira na internet – (Reprodução/Instagram)
    Continua após a publicidade

    Aqueles que se destacam entre os milhares de professores virtuais sempre encontram um jeito atraente de apresentar um assunto que dominam e sabem fazer bom marketing de seus cursos nas redes. “É fundamental encarar a atividade como um trabalho, produzindo vídeos novos toda semana, respondendo a dúvidas dos alunos e dando aulas que cumprem o que prometem”, enfatiza Elvis Rodrigues, um coprodutor de cursos on-line, que desempenha uma espécie de trabalho de consultoria, orientando os novatos, promovendo-os nas redes e às vezes até investindo para conferir às aulas um ar mais caprichado. Evidentemente que nessa montanha de cursos a qualidade oscila, inclusive em relação à produção, com uma enxurrada deles na base da dobradinha uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. A técnica em ótica Carol Viana, 38 anos, de São Paulo, foi bem mais longe com seus módulos sobre a confecção de bolsas de tecido. “Logo no início, tive mais de 1 000 inscrições”, orgulha-se Carol, que resolveu aprender o ofício em meio a uma depressão e nunca mais parou. Hoje pilota sete cursos e fatura cerca de 1 milhão de reais por ano. “Montei um estúdio e agora tenho uma equipe de doze pessoas para dar conta de toda a demanda”, diz.

    As plataformas costumam ficar com uma porcentagem entre 8% e 10% do total das vendas, um mercado lucrativo que se expande de modo acelerado em países da Europa e nos Estados Unidos. Um nicho para lá de rentável é o dos cursos capitaneados por celebridades, a exemplo dos oferecidos no site MasterClass, onde figurões como Gordon Ramsay, Samuel L. Jackson e Martin Scorsese faturam alto. A brasileira Curseria, envereda pela mesma linha, com um cardápio de nomes que inclui Marcelo D2, Galvão Bueno e os chefs Claude Troisgros e Henrique Fogaça, cujo curso de estreia virou campeão de vendas. “Já havia ensinado em meu canal do You­Tube, mas aprendi a ser mais didático”, avalia Fogaça, que conta até com roteirista para profissionalizar suas saborosas aulas. É clicar e aprender.

    Publicado em VEJA de 13 de outubro de 2021, edição nº 2759

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.