Na avaliação de professores ouvidos por VEJA, o Enem 2017 foi uma pedra no sapato dos “paraquedistas”, apelido dado àqueles estudantes que não se prepararam tanto para a prova.
“Neste ano, quantidade de questões difíceis foi bem maior que nas provas anteriores. Só um aluno com muita bagagem teórica vai conseguir tirar uma nota alta”, avalia Ronaldo Carrilho, professor de física do Anglo, destacando a originalidade das questões. “Pelo menos um quarto da prova tem questões de altíssimo nível, que não dá pra resolver só na interpretação de textos e gráficos. Não foi uma prova para paraquedistas.”
“A prova cobrou os mesmos conteúdos, mas de uma maneira mais refinada. Conhecimento mesmo”, comentou Robby Cardoso, supervisor de matemática do Anglo. Já para Nelson Castro, que leciona biologia no mesmo cursinho, o teste deste domingo exigiu conteúdos que vão além do básico do ensino médio. “Algumas questões cobraram conhecimentos complexos que, no ensino médio, são vistos bem ‘por cima'”.
Que vença o melhor
Após muitos anos sem mudanças significativas, o Enem deste ano foi marcado pela diferença em relação às provas anteriores. Pela primeira vez, as provas foram aplicadas em dois domingos e com as matérias de exatas e humanas agrupadas em dias diferentes. Diretor de ensino do Anglo, o professor Paulo Moraes acredita que, apesar de assustar um pouco os alunos, as mudanças do Enem 2017 foram positivas.
“A divisão dos dias e a unificação de humanas e exatas foram os maiores ganhos da prova neste ano. Além disso, as questões ficaram mais densas e condensadas, o que deixa mais tempo para que o aluno as resolvam”, avalia ele. “A prova foi pensada como um todo. Ficou mais parecida com um vestibular tradicional: fluida, com conteúdos contextualizados e sem grandes rupturas. Isso valoriza o bom aluno.”