A usina nuclear Angra 1 renovou sua licença de operação por mais vinte anos, vigorando até dezembro de 2044. Segundo a Eletronuclear, responsável por sua operação, a renovação foi concedida pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) nesta quinta-feira 21, e permitirá que a companhia conclua um ciclo de investimentos iniciado em 2023 e com término previsto em 2027, no valor de 3,2 bilhões de reais.
Situada no município de Angra dos Reis (RJ), a usina foi a primeira a gerar energia nuclear no Brasil, entrando em operação em 1985. Com 640 megawatts de capacidade instalada, Angra 1 pode fornecer eletricidade suficiente para abastecer uma cidade de 2 milhões de habitantes. No ano passado, a planta gerou 4,78 milhões de megawatts por hora, com um fator de carga de 88%. O indicador representa quanto da energia gerada é, de fato, injetada no sistema elétrico brasileiro.
O processo para renovar a licença de Angra 1 começou em 2019. Segundo a Eletronuclear, o aval da CNEN pode ser considerada “a primeira grande conquista em relação aos projetos prioritários da companhia”. O outro projeto que mobiliza a empresa é a retomada da construção da usina Angra 3. Neste caso, porém, a Eletronuclear ainda aguarda a aprovação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Eletronuclear aguarda aval para usina Angra 3
Em setembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) enviou à Eletronuclear o estudo de viabilidade técnica e econômica sobre a conclusão de Angra 3, que já conta com 66% das obras civis realizadas. Segundo o Banco, os investimentos necessários para concluir o projeto somam 23 bilhões de reais. A cifra é semelhante ao que a Eletronuclear gastaria para desistir de vez do empreendimento: 21 bilhões de reais.
A empresa aposta em uma decisão positiva do CNPE e usa, como exemplo, o desempenho de Angra 2, que entrou em operação em 2001 com potência instalada de 1 350 megawatts. No início de novembro, Angra 2 encerrou seu vigésimo ciclo de operação, com uma eficiência de 99,4%. Isso significa que, na prática, a planta entregou 1 340 megawatts por hora durante a operação.
Cada ciclo representa o intervalo entre as paradas necessárias para troca dos elementos combustíveis, como se a usina fosse um aparelho celular que precisasse trocar de bateria de tempos em tempos. No caso de Angra 2, esse ciclo é de aproximadamente um ano. A Eletronuclear pretende usar a eficiência alcançada pela planta para convencer o CNPE de seguir em frente com Angra 3, cuja capacidade prevista é de 1 405 megawatts por hora.