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Temor de uma ‘segunda onda’ de Covid-19 ameaça bolsas no mundo

Ibovespa cai e dólar sobe acima de 5 reais, repercutindo tombo de mercados na véspera; apesar de aumento de casos nos EUA, novo lockdown não deve acontecer

Por Luisa Purchio Atualizado em 12 jun 2020, 17h54 - Publicado em 12 jun 2020, 16h23
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  • O aumento no número de infectados pelo novo coronavírus nos Estados Unidos após a reabertura das atividades econômicas caiu como uma bomba nos mercados mundiais. O temor pelas consequências que a chamada segunda onda de Covid-19 pode trazer para as economias em todo mundo derrubou as principais bolsas americanas e europeias na quinta-feira. O baque chegou no Brasil nesta sexta-feira, 12, após o feriado de Corpus Christi que manteve o mercado local fechado. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 2%, repercutindo as perdas mundiais da véspera. Já o dólar comercial disparava 2,33% por volta das 16h22 e fechou vendido acima dos 5, aos 5,04 reais, maior valor em uma semana.

    A queda por aqui só não é mais forte porque o posicionamento dos Estados Unidos em relação ao isolamento social fez com que as bolsas mundiais reagissem e operassem no azul, mesmo que de forma tímida. Após a queda de 5,89% na véspera, o S&P 500, principal índice da bolsa americana, subia 0,89% na tarde desta sexta. A Euro Stoxx 50, que caiu 4,53% na quinta, fechou a semana com alta de 0,29%.  “O governo americano disse que não cogita fazer um novo lockdown porque a economia não aguentaria uma nova quarentena, seria um dano muito grave”, diz Guilherme Giserman, estrategista internacional da XP.

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    Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena O início da reabertura em grandes cidades brasileiras, os embates dentro do Centrão e a corrida pela vacina contra o coronavírus. Leia nesta edição. ()
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    Ainda que os estados americanos tenham independência em relação ao direcionamento federal, esse discurso tirou do radar um novo fechamento da economia e a necessidade de um novo ciclo de estímulos fiscais. Enfrentar mais um lockdown traria a necessidade de o governo injetar ainda mais dinheiro via disponibilização de ativos no mercado, o que prejudica o equilíbrio fiscal, pode aumentar o risco de inflação e desvalorizar ainda mais o dólar. Com o mercado interligado, interferências que afetam o mercado acionário da maior economia do mundo também tem reflexos no Brasil, que inclusive vive o processo de reabertura da economia ainda com a curva de contaminação da Covid-19 em ascendência. “A grande preocupação de um segundo lockdown é entrar em um ciclo muito negativo que ofereça um risco sistêmico muito maior. Atualmente já foram múltiplos estímulos em relação ao que foi feito em 2008. O que se tenta fazer dessa vez é evitar o cenário de 2008, e eles têm conseguido”, diz Giserman, da XP.

    Mesmo com a oscilação, especialistas acreditam que a tendência da bolsa americana continuará sendo de alta. “É normal que tenhamos notícias boas seguidas de banhos de água fria. No começo da pandemia a expectativa era de que a recuperação seria em ‘v’ e assim está sendo”, diz Adriano Canteva, sócio da Portofino Investimentos. Um dos principais aceleradores desta lenta, mas ascendente curva de recuperação são os papeis relacionados à tecnologia e ao consumo de produtos bem-vindos ao “fique em casa”, como das plataformas Zoom e Netflix. Essas ações começaram a subir quando o mercado derreteu, compensando as perdas dos setores mais atingidos, como aéreas, cruzeiros e locadoras de carro. Os cinco gigantes do ramo, Amazon, Facebook, Apple, Microsoft e Google tiveram seus papeis impressionantemente valorizados desde a pandemia. Por isso, a expectativa é que enquanto grandes sustos não ocorrem o símbolo que melhor continuará representando a bolsa americana pós-Covid-19 é o chamado “swoosh”, o logotipo da Nike: após uma acentuada queda, segue-se em lenta recuperação, levando consigo as demais bolsas mundiais.

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